Família em Movimento

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sexta-feira, 3 de junho de 2016

Qual o valor de um pastel de nata?

8:00 horas da manhã. No café olho um pastel de nata. Devia estar delicioso. Peço um café e fico na tentação de pedir. 

Começo a pensar "aqui tens uma boa oportunidade para te mortificares".

Caramba, hoje nem era a questão da dieta. Essa seria ultrapassada com a célebre frase "é só hoje, não faz mal." 

Agora... uma mortificação sugerida "piou" de modo diferente.


Chegou o café. Era o momento da decisão. Pedir ou não pedir.
E estava queimadinho como eu tanto gosto...

- Dar morte! Venci. Não pedi o pastel de nata. 

Depois ofereci. Uma intenção e outra. 

- Duas intenções por um singelo pastel de nata?  Estás a esticar-te... - pensei.

Talvez não. No carro meditei sobre a dimensão das coisas e a dimensão de uma mortificação face ao propósito que se lhe acrescenta e concluí: 

Foi um singelo pastel de nata, igual aos outros que estavam expostos. Todavia, era o que mais queria naquele momento. A dimensão da mortificação ficou necessariamente amplificada por via do sacrifício, independentemente do tamanho ou facto.

Sim, terá valido as duas intenções e outras caberiam se assim quisesse. 

4 comentários:

  1. Compreendo perfeitamente o que escreveste. Não era o pastel, pelo pastel, era a privação que estava em jogo.
    Este post fez-me lembrar como eu às vezes me sinto ridícula por me sentir tão "valente" ao fazer uma das coisas mais rotineiras que existe: lavar os dentes. É que, como aos miúdos (os meus muitas vezes, pelo menos), sou assaltada por uma preguiça naquele momento... não me apetece mesmo nada lavá-los naquela altura! Como isto acontece quase sempre a seguir ao jantar, eu sei que não irei para a cama sem lavar os dentes, mas não deixar para a última, lavá-los logo a seguir a terminar a refeição... Ui! parece uma tarefa de gigantes. (Eu bem disse que me sentia ridícula...)

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  2. Olá Mimi!

    Nem mais, escreveu melhor que eu: é a privação, o valor que a privação assume em nós.

    Mimi, se é assaltada de quando em quando (como todos nós) pela preguiça lançamos um desafio: o minuto heróico.
    São imensos ao longo do dia.

    Por exemplo, o acordar. Levantar IMEDIATAMENTE.
    Não há lugar ao snooze, ok? Assim deixaria de ser heróico.

    Não esqueça que podemos ter minutos heróicos para a oração.

    Não apetece nada fazer algo? É aí que damos morte ao corpo. E oferecer.

    Obrigado Mimi pela partilha.

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  3. Bem sei... a sensação!
    Mas quando consigo abdicar de uma coisinha simples que tanto me custa... e oferecer esse minúsculo sacrifício a minha alma inunda-se de alegria!
    Esta é uma alegria que descobri há bem pouco tempo!
    :)

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    Respostas
    1. 100% de acordo. É mesmo.
      Na verdade sabe-nos melhor oferecer que receber. Quando pequenos, não. Mas no estado adulto pensamos ser algo comum.
      Mas a mais quando oferecemos uma mortificação por contradizer a nossa própria vontade.
      Obrigado Olivia.

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