Família em Movimento

Família em Movimento

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Haverá algum programa eleitoral que se ocupe da Família?

Esquerda. Direita. Centro. Centro de esquerda. Centro de direita.
Por onde ir?

Gostaria de ler um programa eleitoral que defendesse a Família. Mas não estou crente.

Há dias um jornal diário noticiava a candidatura de Júlia Mendes Pereira em primeira página. Concorrerá pelo BE e, sendo eleita, será a primeira deputada transsexual em Portugal.

Júlia é feminista, activista dos direitos das pessoas transexuais e intersexo, co-fundadora e co-directora da associação API - Ação Pela Identidade, organização não-governamental para a defesa e o estudo da diversidade de género e de características sexuais, é membro do Steering Committee da TGEU – Transgender Europe, organização europeia de defesa dos direitos das pessoas trans, foi também coordenadora do GRIT – Grupo de Reflexão e Intervenção sobre Transexualidade da associação ILGA Portugal.

Júlia vai a votos que é como quem diz, vai à guerra. Lutará por um lugar na AR que lhe permita desenvolver um trabalho na defesa do que acredita, das causas que defende.

As causas de Júlia não são as minhas. Nunca foram. Não serão. Mas aprecio as pessoas que não são reactivas, que falam e escrevem depois de acontecer, esquecendo que para ter acontecido muito trabalho foi efectuado. Júlia não é reactiva. Procura construir um caminho que lhe permita defender política e socialmente no que acredita.

Faltam católicos vibrantes e enérgicos no Parlamento, que defendam política e socialmente os valores que são os nossos, de sempre. Faltam deputados assumidamente católicos na AR que promovam a defesa intransigente da Família.

O caminho que outros se atrevem percorrer deveria ser percorrido por outros para, em regime democrático, dirimir diferenças e defender causas que nos são próximas.

Não nos interessa a nós pessoas voláteis e que cedam na sua fé e na sua cultura. Interessam-nos pessoas que assumam o que são, onde estiverem, com quem estiverem, lutando e zelando por uma doutrina social católica em que acreditamos.

Onde estão essas pessoas? Aparecerão à frente criticando “o que aconteceu” sem terem dado passos firmes e antecipados na projecção de cenários e o evitar de outros, quiçá contruindo caminhos conducentes à implementação de políticas que promovam a Família.

É tão triste quando nos comparamos aos países do norte da Europa. Aliás, não há comparação possível. Quem, por exemplo, quiser aprofundar as políticas de natalidade, pasme-se. E depois, pense.

Está na altura dos católicos mergulharem na política?
Está. Há muito tempo. Mas não será ainda neste tempo. E não sei quando será

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Leituras do dia para os mais pequenos

Todos os dias fazemos as “Leituras do dia”. Todavia esta ainda era uma lacuna na nossa prática diária com os nossos filhos. Dizemos era porque hoje iniciámo-la.

Com as mais novas lemos a Primeira leitura e o Evangelho, explicando-lhes de forma a que as entendam. E por incrível que pareça, compreendem na perfeição! Claro, que esta compreensão é feita na medida das suas capacidades e idades. Contudo, as crianças são sempre surpreendentes!!
As meninas foram muito receptivas a esta novidade.

Depois da leitura procurámos nos nossos DVD’s e encontrámos um sobre a história de Moisés. Nem a propósito, as Primeiras Leituras destes dias incidem sobre a sua vivência.

Não temos muitos DVD’s com histórias bíblicas, mas aconselhamos a procura de desenhos animados bíblicos no youtube pois serão agradavelmente surpreendidos.

A seguir foi a vez de dedicarmos um pouco de atenção ao mais velho, dado que este já gosta de ser considerado como “crescido”. Para ele aconselhámos a descarregar a App “Evangelizo” para o telemóvel, com o intuito de aceder às Leituras diárias e as possa ler e meditar, como nós fazemos. Aceitou o desafio e já possui a aplicação no seu telemóvel.


Deixamos esta publicação da App para quem a quiser descarregar. É muito completa. Para além das leituras, podemos saber e ler sobre os “Santos do dia”, além de um conjunto de orações que poderemos rezar. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Tibieza? Teremos razões que a justifiquem?

Este fim de semana cumprimentei duas Testemunhas de Jeová que estavam na rua enquanto eu fazia uma caminhada.
Cumprimentei-os e elogiei o facto de se privarem dos seus afazeres pessoais para testemunharem no que acreditam. E fiquei-me por ali.
Depois comentei o facto em casa.
Efectivamente, nós, católicos, somos fechados. Somos capazes de coisas maravilhosas (não esqueço quem se consagra, quem vive clausura, quem emigra, quem é missionário, que doa a sua vida por Jesus) e somos capazes (nomeadamente os leigos mas não todos) de nos fechar para fora. Aliás, o Papa Francisco já abordou este tema.
Em casa comentava-se que o testemunho que damos é o espelho do que somos e vivemos. É verdade.

Mas estou crente que podemos sempre ir mais além. Se cada cristão for Marta e Maria, estou certo que os católicos gozarão de maior prestigio.

Dizia Monsenhor Escrivá que não conhecia Santo sem oração. Eu completaria o Padre escrevendo que não conheço um que tenha sido tíbio.

Duas breves notas. Uma primeira para o que nos propusemos fazer neste blogue, a rubrica “15 minutos à conversa com uma família”. Não foi além da vontade pois todas as famílias contactadas por mensagem, telefone ou e-mail não deram o seu assentimento definitivo. Uns justificaram e outros nem resposta deram.
Respeitamos e somos capazes de afirmar que a rubrica morreu apenas com um testemunho. Pensei, a propósito deste escrito, se não será evidência de nos fecharmos.

A segunda nota para a partilha que li nos blogues da Família Almeida e Uma Família Católica. Esse testemunho que nos deram é sinal que, quando queremos, somos capazes de sair e de nos desinstalar para dar testemunho de algo maior.

O testemunho é fundamental. Mostrar e evidenciar aos outros que há alegria em abundância na vivência do cristianismo é algo que deve ser tão normal como beber um singelo copo de água.

Se não testemunharmos a fé, não fazemos apostolado e seremos sombrios. Não devemos ser dominicais. O que somos devemos manifestar todos os dias da semana, no nosso trabalho, na nossa convivência social, nos nossos afazeres, na nossa família.

Uma comunidade local viva e desperta terá mais sentido e gerará maiores frutos.

sábado, 25 de julho de 2015

XVI

Formarão uma só carne, serão um só.
Marido e mulher não se dissociam um do outro. 

Ele vive para ela. Ela, para ele. 

Deus ama-os com um amor tão grande que quis que experimentassem esse amor magno e absoluto aqui na Terra.


Homem e a mulher foram criados para amar. E amam mais a Deus quanto mais se amarem um ao outro e aos filhos que Deus lhes confiar.

Pelo sacramento do matrimónio não os une mais um simples gostar, um amor quiçá abalável por uma qualquer tempestade.

Por via do matrimónio une-os um Amor Maior, que tem a sua natureza em Deus que é Amor

Aquele gostar inicial transforma-se paulatinamente. Com o tempo, solidifica e revela-se, por fim,  rocha firme e inabalável.

As dificuldades, os tropeços de sempre unirão mais ainda o casal no Amor.

O matrimónio é exigente. Implica trabalho diário e reiterada renovação do Amor.

O Amor renova-se todos os dias e manter-se-á pela eternidade.

É um caminho longo que se faz. E paradoxalmente, tão curto. O tempo é demasiado curto para amar.

É um peregrinar conjunto tantas vezes percorrido com cansaço. Outras, com obstáculos. Mas sempre com os olhos postos no Amor de Deus, que é o que os une verdadeiramente e os torna num só.

Aconselhamos a leitura do texto O mistério do matrimónio.

Hoje completamos 16 anos de casamento. 
Damos muitas graças a Deus que nos uniu e sustentou.
Somos muito felizes porque muito nos amamos.
Renovamos o SIM de 1999. Hoje e Sempre.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O nosso coração está onde está o nosso tesouro

Jesus disse:
 “ (…) onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mt 6, 21).

Verdade. E onde está o nosso tesouro? O nosso verdadeiro tesouro? Aquele que nos enche verdadeiramente o coração?


Está em coisas vãs? Que passam? Que são momentâneas?

Onde está o nosso tesouro?

A resposta religiosamente correcta, atendendo ao contexto, seria “o nosso tesouro está no céu”. E está! Mas vamos ser um pouco desconcertantes como Jesus e dizer que está no céu por via da terra.


O nosso tesouro, o verdadeiro tesouro está na nossa Família. Ponto.
Está na nossa casa, tão perto de cada um de nós. Nos bons e nos maus momentos. Quando estamos felizes ou tristes. A Família une-nos no amor.

Refletindo um pouco na nossa vivência familiar, que certamente será a mesma vivência de muitos que nos lêem.

É nos momentos difíceis que nos unimos mais como Família que somos, que sentimos o amor que nos une, os laços que apesar das diferenças nunca se quebram, mas fortalecem-se.

Os momentos felizes são fáceis de viver, sentimo-nos bem, contentes e a felicidade transborda. E estes também nos fazem crescer como Família.


Não é este o nosso maior tesouro? Que outra coisa nos pode dar mais felicidade do que a nossa Família?

A Família é onde está o nosso coração. A Família é de facto o nosso maior tesouro. E quando amamos a Família, amamos o Mestre da Família, a Rainha da Família.
Quando amamos uns, amamos os primeiros. Quando amamos os nossos, amamos o Pai, o Irmão e a Mãe.



Amar a Família é mais que um sentimento. Amar a Família é doar, é morrer pelo bem dos que mais amamos, é sofrer por Amor e pelo Amor mesmo que isso implique renúncia, é engolir sapos e elefantes quando decidimos em favor do bem comum e de um bem maior, é chamar a dor mesmo quando não a queríamos sofrer.

Amar é morrer. E depois, renascer. Quando morremos para nós, renascemos para os outros.

Em Família, uma só alma, um só coração para Deus.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Decisão INÉDITA do Tribunal da Relação de Évora

PROIBIÇÃO DE PUBLICAR FOTOS DOS FILHOS NAS REDES SOCIAIS

O Tribunal da Relação de Évora (TRE) decidiu que, para protecção dos menores, os pais se devem abster de publicar fotos dos filhos nas redes sociais.

De acordo com o Acórdão, a imposição aos pais do dever de se absterem de divulgar fotografias ou informações que permitam identificar os filhos nas redes sociais é adequada e proporcional à salvaguarda do direito destes à reserva da intimidade da vida privada e da sua segurança no Ciberespaço.


Segundo o TRE trata-se de uma obrigação dos pais, tão natural quanto a de garantir o sustento, a saúde e a educação dos filhos e o respeito pelos demais direitos, designadamente o direito à imagem e à reserva da vida privada.


Escreve-se no Acórdão que os filhos não são coisas ou objectos pertencentes aos pais. Antes titulares de direitos que os pais estão obrigados a respeitar.

Ainda de acordo com o Acórdão, o crescente perigo resultante da exposição da imagem nas redes sociais, face à utilização dessas redes por muitos predadores sexuais e pedófilos, impões que as crianças sejam dele protegidas.

Acórdão do Tribunal da Relação de Évora, proferido no processo nº 789/13.7TMSTB-B.E1, de 25 de Junho de 2015

Fonte: LexPoint  

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Rezar a brincar

Já escrevemos sobre esta temática anteriormente, mas nunca é demais relembrar.

As crianças muito espontaneamente fazem oração: quando cantam um cântico (aqui a benjamin gosta de cantarolar o hino aos pastorinhos); quando passeiam pela casa com Nossa Senhora de feltro que lhes fizémos ao colo ou bebem chá com Ela; quando amorosamente tratam e embalam o Jesus bebé; quando pintam um desenho da vida de Jesus ou dos pastorinhos. Enfim, um sem número de coisas simples que fazem todos os dias e que as fazem crescer no amor a Deus e ao nosso fim último: o céu.

Desengane-se quem pensa que para rezar é necessário saber grandes formulas ou orações muito completas. 

A verdadeira oração sai do coração.

Quando nos sentimos felizes e agradecemos a Deus, quando estamos tristes e Lhe pedimos ajuda, quando nos zangamos com Ele e dizemos tudo o que nos incomoda incluindo as nossas frustrações. Tudo isto é, também, oração.

Por conseguinte, oração é uma relação de amizade com Deus em que Lhe contamos tudo. Alegrias, anseios, receios, tristezas, frustrações e desilusões. Tudo.

E neste ponto, as crianças são mestras. Contam tudo. Não escondem os seus estados de alma, são genuínas. E é isso que o Pai do Céu espera de nós.

Com o intuito de ajudar as crianças cá de casa e outras a rezar e a perceber que os santos são pessoas em tudo igual a nós e que se distinguiram pelo seu amor a Jesus, resolvemos construir santos para brincar (que estarão disponíveis a partir de hoje no blogue Pequenos Pormenores com Amor).

Porque a brincar também se reza.


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Publicar ou não as fotos dos filhos nas redes sociais/internet

Esta temática há muito está definida na nossa casa porque tempestivamente a discutimos. Por conseguinte, temos ideias muito claras sobre o tema.

Para nós, a publicação de fotografias dos nossos filhos em redes sociais/internet, é ponto assente: não publicamos!

E enumeramos os motivos:
- Não sabemos o que terceiros podem, eventualmente, fazer com as fotografias: se as copiam ou se as utilizam noutras publicações. Em rigor, a partir desse momento deixamos de ter controlo sobre as mesmas;

- São crianças têm o direito à sua privacidade. E ninguém lhes pede autorização para publicar a sua imagem seja em que circunstância for.
Aqui, dir-nos-ão que os pais são responsáveis por essa publicação ou não. Certo.


Mas estarão estes devidamente esclarecidos sobre os perigos da internet?




Em tempos lemos um livro impressionante que nos fez pensar sobre este assunto, levando-nos a definir a regra familiar de não publicar qualquer fotografias de crianças.

O livro, com o título “Levaram-me”, da autoria de Paulo Pereira Cristóvão e baseada na história do pequeno Rui Pedro de Lousada, relata a história de uma criança que é levada por um estranho.

Perguntarão qual o relacionamento directo desta história com a publicação de fotografias dos filhos na internet. Pois bem, a correlação está na forma como os predadores “escolhem” e “encontram” crianças. Entre outros modos, encontram-nas através da internet.

As nossas ideias estão bem definidas. Recomendamos vivamente a quem nos lê que as definam igualmente, de forma esclarecida.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Criticar e nada fazer aproveita a quem?

A sociedade está repleta de temas fracturantes que atingem directamente a Família.
Os temas são conhecidos e por regra, existindo novidade em relação a eles, há uma imediata reacção. Reacção essa que em regra se tem manifestado temporária.
Atrás de cada tema tido por fracturante está essa célula nuclear, a Família. 
Importa escrever duas linhas de meditação.

Por que razão não se aposta em definitivo na Família?

Por que razão não lhe é dado destaque merecido?

Por que razão se assobia para o ar em acto contínuo e quando há algo (por regra acontece algo quando outros se mexem!), é gerada uma reacção de massas?

Vamos ser directos.

Às Famílias, para quando uma aposta decisiva na formação? Para quando a procura de meios que consolidem a vida familiar? 

À Igreja e aos sacerdotes, para quando uma aposta na formação dos leigos? Mas à séria…
Para quando um investimento na catequização, na formação, nas homilias que versem sobre a Família? Para quando uma formação contínua às necessidades dos nossos tempos?
Não basta aqui e ali, quando o calendário litúrgico o lembra, dedicar uma ou outra palavra à Família.

À sociedade, para quando a assunção de valores da Família? Não nos dirigimos aos católicos exclusivamente, pois não temos filtros. A pergunta é transversal.

Porque em rigor, criticar na própria omissão não aproveita a ninguém.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A vocação dos filhos

“Por que me buscáveis? Não sabíeis que devo ocupar‑me das coisas de meu Pai?”

Quem de nós ainda não pensou no futuro dos filhos? O que serão? Terão jeito para quê?

O que aspiramos – legitimamente – para os nossos filhos são sempre coisas boas, positivas. Auguramos-lhes sempre um futuro notável. Que sejam honestos, trabalhadores, bem sucedidos e, para os cristãos, que sejam tementes a Deus.

Ensinamo-os a serem boas pessoas transmitindo-lhes os valores nos quais acreditamos. Mas, acima de tudo e como pais, temos um desejo macro: que os nossos filhos sejam verdadeiramente felizes.

E esta felicidade não se adquire com dinheiro, com sucesso profissional, com tantas coisas que aspiramos e que nos convencemos que adquirindo-as vamos obtê-la. Ora, esta felicidade adquire-se com a entrega ao amor de Deus.

Mas o que é isso do amor de Deus? É algo palpável? É em si abstracto? É materializável? Diríamos que sim.

Como? – a pergunta acertiva. 

Aceitando tudo o que Ele nos dá e proporciona na vida. Parece fácil.

Como pais somos colaboradores de Deus na sua obra. Ele entrega-nos os nossos/Seus filhos para que os preparemos, para que os ensinemos a amá-Lo e a servi-Lo.

Mas é um Deus tão curioso que passa a vida (a nossa e alguns bochechos da d´Ele) a servir-nos. É um Deus giro, comunicativo e com estes pormenores subtis. Na filiação divina é um Pai que cuida zelosamente dos seus filhos, servindo-os. Paradoxo.

Mas, Deus quer sempre mais e mais e aborrecidamente mais de nós. Não chega ainda? Ele responde sempre não.

Pior, se nos responder um “basta” será sinal de que de nós desistiu. Como tal, deixemo-Lo operante.

E nessa reciprocidade, em que ponto nos encontramos? É uma excelente pergunta para meditação pessoal no aspecto da educação e noutros. Isto é, agimos em conformidade ou colocamos as nossas aspirações pessoais no futuro dos filhos para que sejam um espelho do que não fomos?

Vamos a um exemplo. Manuel, pai de família, gostava de ser médico. Mas descobriu que a sua vocação era outra. Contudo, o gosto pela medicina nunca o abandonou. Quando nasceu Martim, seu filho, pensou “este menino vai ser o que nunca fui, será médico”. A verdade é que Manuel capitaliza os sonhos no filho e certamente o condicionará no futuro. ERRADO!

Assim, preparamos os filhos para a descoberta da sua vocação?

Agora uma pergunta mais apertada para os pais: 
- Caros pais, e se essa vocação for religiosa?

Opppsss…. ou nem por isso?

A verdade é tão crua. Conhecemos tantos católicos que ficariam perturbados com uma vocação religiosa dos seus filhos. Confessamos não compreender a razão. Mas ela brota da pergunta feita acima.
Gerimos e capitalizamos expectativas pessoais ou, com muita liberdade, permitimos que Deus opere como quer e quando quer?

O Padre Pedro Quintella terá dito uma vez algo que não esquecemos:

- “Amar é deixar o outro ir com quem mais ama.”

Para nós que escrevemos estas linhas seria uma grande graça! Os filhos que Deus nos concedeu são um verdadeiro dom, um verdadeiro sinal do Amor com que nos ama como casal que somos.

domingo, 12 de julho de 2015

Boas razões para o divórcio

Hoje li um texto que me motivou a escrever outro. 
Chamo-lhe "boas razões para o divórcio". Existem? Claro que sim.

Vou fazer uma espécie de viagem fantasiosa e certamente encontrarei bons motivos para o divórcio. Vou ficcionar (não se assustem...). 
No fim, desmonto o puzzle.


Gosto da minha independência. A sério que sim. 
Depender de terceiros ou fazê-los depender de mim é um cruz aborrecida que me tira espaço e liberdade.

Por outro lado, é enfadonho ver sempre a mesma cara metade. Anos e anos a lidar com uma pessoa - e essa pessoa comigo, o que é ainda mais enfadonho - e saber antecipadamente os gostos e a maneira de pensar. 

Nada é novidade. Foi-o no início. Depois... bom, depois é sempre a mesma coisa.



Nem os temas das discussões são novos. Tudo é mais do mesmo, uma mão cheia de nada.

Gostava de mudar. Ter alguém novo todos os anos. 
Não, todos os meses. Apre! Não, todas as semanas. Não sei o que quero. 
Sei que amo tanto a liberdade que preferia ser livre e sem compromisso para poder fazer o que me desse na real gana sem dar cavaco (bem a propósito) a ninguém.

Bom, o que não quero mesmo é pensar que fico amarrado a uma pessoa uma vida inteira. A vida é tão curta que se não a aproveitar convenientemente morrerei de tédio.

Ups... espera... os filhos. Não pensei neles. 
Acho que não ficam lá muito bem quando discutimos mas, em rigor, terão a sua vida. Devem respeitar a minha e mais à frente façam o que entenderem nas suas. 
Por outro lado são uma pedrinha no meu sapato. Se me divorcio ficam destroçados, verdade. Mas... superam isso. O tempo é sempre um bom amigo e eles, mais cedo ou tarde, superarão o trauma. 
Não são os primeiros e não serão os últimos.

Recordo a noite. As saudades que tenho em sair com os meus amigos à sexta feira, não ter relógio, chegar a casa tarde e não ter de ouvir ninguém. Que saudades... e tudo a um passo de uma decisão que mudaria tudo. Mais um ponto a favor.

Pensando bem... o que ganho de ordenado é repartido. Depesas e mais depesas. Quase não consigo poupar nada. Chapa ganha, chapa gasta.
Com o divórcio ficaria agarrado a uma pensão de alimentos, verdade. Mas... e daí? 
Certamente ficaria com mais do que fico agora e isso é francamente positivo. 
As roupas, os restaurantes, os concertos, as viagens que deixei de fazer... tudo a um passo de uma decisão.

Poderia continuar a escrever e encontraria boas razões para o divórcio.
Alguém me dirá um dia que fui atrás do ego, do egoísmo. Mas... se sou tão imperfeito é porque assim fui criado. Culpem Deus, não a mim.

Meus caros, estas linhas revelam um pensamento que não é o nosso, FEM. 
De qualquer modo, na nossa liberdade de pensamento e acima de tudo pela nossa condição humana, são todos motivos lógicos e ninguém, absolutamente ninguém, a eles está imune.

Quem nos lê sabe que temos um caminho definido e, pese embora as dificuldades que a vida nos apresenta, procuramos não ceder um milímetro do trajecto iniciado.

Todas as realidades expostas acima podem ser contornadas. Assim, desmontando o puzzle, diriamos o seguinte:

Existem muitos bons motivos para negar o divórcio porque não se apresenta como solução. 
A verdade é que "quando não dá mais", é porque falta efectivamente alguma coisa.

O casal precisa de tempo para si. E os avós precisam dos netos mais tempo. Logo, a "escapadinha" mensal é um bom antibiótico e a bula não traz contra-indicações. 

Nesse fim de semana mensal em que os filhos ficam felizes da vida junto dos avós e os pais felizes ficam por estarem sós, o casal pode conversar, namorar, partilhar experiências, partilhar pequenas coisas ocultas que, a não serem erradicadas, minam a relação. 
Este fim de semana a dois é uma espécie de lufada de ar fresco.

Nesse fim de semana, a cozinha fica arrumada. É tempo de ir ao restaurante e sair, conviver, sentir o cheiro da noite, ir a um bar. 

Por outro lado e em referência ao texto, os filhos são sempre uma maravilha e jamais uma pedra no sapato. Precisam de pais que se amem e esse amor que observam será para eles condição de estabilidade. Crescerão mais estáveis quanto encontrarem estabilidade emocional em casa. É factual.

Os esposos de uma vida são algo de belo. 
Viver uma vida inteira a dois não é algo enfadonho porque o amor é sempre renovável e novo. 
Insistimos. Se por acaso ocorrer essa noção (relação enfadonha) é sinal vermelho de que há absoluta necessidade de mudar alguma coisa. Num parágrafo anterior é dada uma dica para quem quiser aproveitar. 

As despesas são algo necessário
Há uma boa solução de partilha: nenhum dos membros do casal deve ter "a sua conta bancária". Antes, uma conta familiar, onde os ordenados de ambos são creditados e onde as depesas da família debitadas.
Se a família é uma só, não devem existir quintais. Muito menos bancários.

E se existem privações, são sempre bem-vindas. Elas conferem uma noção da pobreza que muito nos humaniza.
É bom notar que devemos pedir a Deus quotidianamente "o pão nosso de cada dia". E quanto mais partilhamos, mais temos. Ele é desconcertante.

Ainda em relação às despesas, deve ser elaborado um orçamento familiar mensal e os filhos devem tomar conhecimento do mesmo. Os filhos devem tomar conhecimento da sua realidade, que é a realidade familiar. Se não souberem, jamais perceberão um "não" que lhes é dado. A inversa também é verdadeira. Agradecemos ao Professor Fraústo Ferreira esta novidade.

E não descurar a poupança. O "pé de meia" é sempre algo que deve ser efectuado junto da tal conta bancária familiar, para que não ocorram surpresas.

O tempo é demasiado curto, escrevemos. 
Sim, para amar. 

Famílias, uni-vos.

Citando São João Paulo II, "Família, torna-te naquilo que és!"

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Deus é desconcertante

“Tenho o melhor filho(a) do mundo!”
“O meu filho(a) é o mais bonito do mundo!”

Pode ser. Pode não ser. Para nós, será sempre.

Deus é efectivamente desconcertante. Coloca-nos perante a novidade de gerar vida e reconhecer que os nossos são ao mais belos. Não fisicamente (podem sê-lo), mas interiormente. São nossos e são a nossa imagem. São sempre os mais bonitos. E são-nos efectivamente.

Cada família é como um jardim. E em cada jardim Deus planta as mais belas flores. 
As flores de cada um dos jardins são sempre as mais belas.

Essa novidade é fabulosa. Cada família tem os mais belos no seu seio. E cada família assume essa verdade. E muito bem, porque o são. 
Algo mágico e desconcertante.

Deus havia escolhido doze e consta não serem os mais sapientes e audazes. 


Ao contrário. Eram pessoas tão comuns e pequenas quanto nós. Alguns resistentes e incrédulos. Nem perante as evidências Lhe reconheciam a divindade. O Tomé, só depois de tocar as chagas acreditou.

Ora, Deus continua operante e desconcertante. Foi assim antes e é-o hoje. Confunde, baralha.

Escolhe-nos não pelas nossas virtudes. Se as temos, com humildade devemos reconhecer que o mérito não é nosso.
Escolhe-nos não pela sapiência. Que sabemos nós que Deus não conheça primeiro?
Escolhe-nos não por sermos ricos ou pobres. Deus não nos diferencia pela conta bancária.

Deus escolhe-nos todos os dias porque nos ama. E isso volta a ser desconcertante.
Entre o deve e o haver, o saldo devedor é manifesto. E nem por isso Deus desiste de nós. Curioso…

Deus ama-nos de uma forma extraordinária e faz-nos crescer em família, dando-nos a dita de observar o crescimento sustentado dos nossos filhos. Delega em nós a competência de ensino e formação religiosa e intelectual. Acredita em nós.

Este Deus desconcertante que nos confunde é motivo bastante de permanente conversão.

Só alguém muito apaixonado e louco de amor não desiste de nós, das nossas fragilidades, da nossa tibieza, da nossa ingratidão e da nossa reiterada infidelidade.
E acreditemos, jamais o fará. Antes pelo contrário.
Puxa por nós e pela nossa família todos os dias. Não desarma. Insiste. É aborrecidamente chato. É paciente. E isso, é desconcertante.

Que saibamos crescer em família com a consciência de um permanente e doce desconcerto.

Neste teatro da vida – dizia Monsenhor Escrivá – somos actores perante O espectador.
Que saibamos cumprir o nosso papel em conformidade com o guião que nos foi dado.