Família em Movimento

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domingo, 29 de maio de 2016

A relação com Maria é em tudo igual à que tive com o meu amigo imaginário

Quando era pequeno tive um amigo imaginário. Era o Rui. Ficcionei ao longo de anos a presença de um amigo que fez as vezes de um irmão que nunca tive. Sim, na minha imaginação era o meu irmão, o meu companheiro de viagem.

Não sei se todas as pessoas têm um amigo imaginário ou se é próprio dos filhos mais tristes que são os que, como eu, não tiveram irmãos.

Escrevo o texto não para vos dizer que tive um amigo imaginário (quiçá corro o risco de internamento compulsivo) mas a relação que com ele tive. O Rui foi o meu confidente, a personagem com quem partilhava os momentos bons e os menos bons ou mesmo maus. 
O Rui estava sempre lá. Não me faltava.

O Rui foi o meu grande irmão, aquela personagem gentil e presente que fez as vezes de quem nunca existiu. Preferia que o Rui não tivesse existido pois seria sinal de que eu teria sido mais feliz na minha infância.

O Rui tudo ouvia. E também me aconselhava. O Rui existia em mim. Era o tal. Ainda hoje recordo essa ficção que me ajudou nos momentos mais solitários.

Li de São Josemaria que a relação mais conseguida com Maria é em tudo semelhante à que tive com o Rui. Isso foi tão bom de ler porque, por vezes, temos algumas dificuldades de nos relacionar com o Céu.
No caso em apreço e na relação com Nossa Senhora, quiçá rezemos as Avé-Maria a correr ou sem sentir cada saudação como uma declaração de amor; outras estamos apertados e recorremos à Mãe que é auxílio dos cristãos. Mas… é estanque a relação... é curta. Não tem encadeamento.

Vejamos alguns exemplos. A consagração de manhã; o ângelus; a oração saxum; o terço… e se estivermos atrapalhados eis que lançamos uma oração. Mas o que nunca havia percebido é que a relação que posso ter com Maria é em tudo igual à que tive com o Rui.

No fundo – diz São Josemaria – «conta-lhe tudo o que te acontece». É aqui que tudo se transforma.

Penso que os meus filhos não têm um amigo imaginário. Não precisam. Mas precisam de se relacionar com Maria.

Então, é por esta via brilhante e simples que provavelmente o conseguirão.
Sim, vou falar-lhes na leitura que fiz e que a seguir publico. Sim, vou falar-lhes do Rui. Rirão certamente. Fico feliz pois será sinal que não precisaram recorrer a expedientes do imaginário para se sentirem acompanhados. E desejo muito que agarrem Maria desta forma.

Escreveu São Josemaria:

«Aconselho-te – para terminar – que faças, se o não fizeste ainda, a tua experiência particular do amor materno de Maria. Não basta saber que Ela é Mãe, considerá-la deste modo, falar assim d'Ela. É tua Mãe e tu és seu filho; quer-te como se fosses o seu único filho neste mundo. Trata-a de acordo com isso: conta-lhe tudo o que te acontece, honra-a, ama-a. Ninguém o fará por ti, tão bem como tu, se tu não o fizeres.

Asseguro-te que, se empreenderes este caminho, encontrarás imediatamente todo o amor de Cristo; e ver-te-ás metido na vida inefável de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Conseguirás forças para cumprir bem a Vontade de Deus, encher-te-ás de desejos de servir todos os homens. Serás o cristão que às vezes sonhas ser: cheio de obras de caridade e de justiça, alegre e forte, compreensivo com os outros e exigente contigo mesmo.»

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