Família em Movimento

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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Santidade secular

O nosso modo e estado de vida e a educação – a maior educação que damos é o modo como vivemos – dos nossos filhos é muitíssimo simples.
Ontem tive a alegria de ouvir uma belíssima pregação (tão belíssima que no trajecto para casa, pese embora ser perto da meia noite, agarrei no telemóvel e transmiti-a com entusiasmo à minha querida esposa*) que de certo modo revoga um preconceito existente na sociedade e, de modo particular, na comunidade cristã católica.
Assumimos muitas vezes que a santidade é um estado quase inalcançável e apenas acessível a determinadas pessoas predestinadas.

Pois revoguemos esse conceito. Na verdade e com absoluta razão, o sacerdote mencionou que o estado normal e natural de um cristão é a santidade. O anormal é o inverso.

Vamos por partes.
Deus não nos pede coisas extraordinárias. Deus dá-nos os meios e a graça para alcançarmos esse estado pretendido e normal na vida cristã.

Quais os dois maiores Santos que conhecemos? Respondemos imediatamente e sem hesitações Nossa Senhora e São José.
São-lhes conhecidos milagres? Nem um.
Então… o que os tornou especiais? Foram dóceis à graça e aos meios.
Maria e José terão sido óptimos filhos, óptimos pais, óptimos vizinhos, óptimos amigos, óptimos exemplos, óptimos trabalhadores e fidelíssimos.
Então… essa santidade secular não é mais nem menos que isso. Costumo dizer que devemos ser um misto de Marta e Maria, onde nem a devoção é superior à obrigação nem o inverso. Ambas coexistem.

São Josemaria escreve no Ponto 334 do Caminho o seguinte:
Oras, mortificas-te, trabalhas em mil coisas de apostolado..., mas não estudas.
- Então, não serves, se não mudas.
O estudo, a formação profissional, seja qual for, entre nós é obrigação grave.

Se não trabalhamos, não servimos. Por mais orantes que sejamos. Rezar e trabalhar. E no mais, tratar com zelo tudo o que é de Deus. Fora de Cristo, nada.
É fácil constatar que, ao fim e ao cabo, a santidade é um estado acessível.
Devemos ter a suprema preocupação de sermos bons esposos, bons filhos, bons pais, bons amigos, bons vizinhos, fiéis e trabalhadores.
Deus quer-nos no nosso estado e quer que cumpramos as nossas tarefas com perfeição, com brio e eficácia.
Não somos religiosos. Não somos sacerdotes ou freiras. Somos o que Deus quis que fossemos. Então é neste estado que devemos caminhar santamente e lutar, com os meios e as graças, por sermos o que Deus quer que sejamos.
Quer que sejamos bons educadores. Foco máximo neste aspecto. Que sejamos bons educadores.
Por falar em educadores, que podemos dizer aos nossos filhos sobre a santidade na sua tenra idade? A resposta é a transmissão do modo de vida, do modo de viver as circunstâncias e vicissitudes com que nos deparamos, o modo como ajudamos e entreajudamos, o modo como rezamos e trabalhamos. Eles reparam e observam tudo. E são muito críticos. Nada – absolutamente nada – lhes escapa.

E para os estudantes, São Josemaria no Ponto 335 do Caminho escreve:
Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma hora de oração.

Isto é, não se diferencia – como escrevemos – o trabalho da oração. Tudo é oração.
Aliás, para este Santo e na sua Obra não havia nem há lugar para os ociosos e desocupados.
Se o são… não servem.
Esta visão da naturalidade da santidade deve animar-nos muito.
Como famílias, devemos olhar o modelo: a Sagrada Família.
Reiteramos: Não se lhes conhece um milagre. Todavia, são os maiores Santos.
Compreenderemos todos que não a conseguirmos representará uma frustração enquanto cristãos. Pois muito bem, que não a sintamos nunca e que comecemos e recomecemos cada dia como se fosse o último. Em rigor não sabemos se não o será.

*Para os mais atentos, fi-lo em modo de alta voz não colocando ninguém em perigo nem cometendo qualquer violação do CE

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