Família em Movimento

Família em Movimento

domingo, 4 de dezembro de 2016

Por que não na creche?

Neste Domingo e como habitualmente, lemos pela manhã as capas dos jornais. E que desconsolo ao ler a manchete do JN. E depois a curta notícia que nesta data está disponível online. Ficamos a pensar se há limites na imaginação de alguns que pretendem impôr a um todo as suas ideias que colidem, na nossa opinião, naquilo que consideramos uma educação adequada e assertiva. O Estado - graças a Deus - é laico. Mas cuidado. É-o há bastante tempo e nunca se "o viu" caminhar assim.
   

Tirar a meninice aos jovens com temas consignados a adultos é assustador. Isto não pode ser sério. Lê-se que no 5º ano de escolaridade o tema do aborto poderá ser dado como matéria. Mais. Lê-se que prazer e sexualidade poderão passar a ser abordados no pré-escolar. Tudo isto é uma proposta, um Referencial de - leia-se!! - Educação para a Saúde, resultante numa parceria entre a DGE e Saúde. A proposta não seria vinculativa (graças a Deus) ficando assim sujeita ao poder discricionário.

Não sendo vinculativo, seria orientador. Orientador do quê? Francamente só lembramos Abel Xavier que sobre esta palavra diria traduzir-se como orienta a dor e, nisso, tem razão. Isto é francamente doloroso.

No pré-escolar as crianças - crianças, temos disso consciência? - têm entre os 3 e 5 anos. É uma boa idade para ser abordado prazer e sexualidade? A sério que sim?

E falar do aborto a crianças com 10 anos (5º ano)... a sério que sim? Onde ficam a meninice, a inocência, a própria infância?

Resumindo, educação sexual no pré-escolar e aborto no 5º ano. É obra!!!! Mas querendo mais imaginação, por que não na creche? De pequenino... já diz o ditado sabedor.

Onde ficam os valores cristãos? Bem sabemos que esses são para serem erradicados paulatinamente. Pelo menos, na aparência. Mas ao menos atentem no bom senso. Sejam equacionados valores diferentes de uma sociedade que não se quer mais libertina que nunca e assente em pilares de um relativismo feroz. Num país que se diz católico talvez seja melhor reflectir seriamente se o silêncio de muitos é o caminho. Não nos parece. Por outro lado, se ninguém põe travão a estas ideias que nos ferem, caminhamos mal.

Posto isto e como melhor resposta da nossa parte nesta data, um texto muito bonito que aqui partilhamos, sobre o aborto e escrito nas páginas 56 e ss. do e-book do Padre Rodrigo Lynce de Faria, Casar-se ou Juntar-se?. Chama-se Um Anel Especial.

«Abriu a porta da joalharia. Era jovem, simpático e bastante decidido. Sem olhar para as vitrines, afirmou categoricamente que queria comprar um anel especial.
O joalheiro mostrou-lhe um que lhe parecia apropriado. O rapaz contemplou-o com calma e, com um sorriso, manifestou o seu agrado. Perguntou pelo preço. Preparava-se para abrir a carteira quando o ourives lhe perguntou: vai-se casar em breve?

Houve um momento de silêncio, como se a pergunta o apanhasse desprevenido. Não. Nem sequer tenho namorada... - respondeu o rapaz.
A surpresa do joalheiro divertiu-o. Depois continuou, como quem se convence de que, naquela ocasião, valia a pena dar uma explicação mais pormenorizada.

É para a minha mãe. Quando eu ainda não tinha nascido, ela ficou sozinha. Alguém lhe aconselhou que interrompesse voluntariamente a gravidez, ou seja, que não me deixasse viver. A lei nessa altura facilitava tudo e, ainda por cima, o Estado "paternalmente" pagava todos os custos.

Mas ela negou-se. Deixaram-na ainda mais sozinha. Havia muita gente disposta a ajudá-la a "livrar-se do incómodo" de ter um filho mas pouca gente disponível para eliminar as dificuldades que tinha na sua vida.

Mas ela negou-se. Teve muitos problemas, muitos. Para mim, foi pai e mãe ao mesmo tempo. Também foi amiga, irmã e sobretudo professora: ensinou-me o sentido da vida. Fez-me ser aquilo que sou. Agora, que já tenho algumas possibilidades, quero oferecer-lhe este anel especial. 

Ela nunca teve nenhum. Mais tarde, comprarei outro para a minha futura noiva - mas será sempre o segundo. O primeiro, quero que seja para a minha mãe.

O joalheiro não disse nada. Somente pediu ao empregado que o rapaz tivesse um desconto que só faziam aos clientes especiais.»

2 comentários:

  1. Também ouvimos a notícia. O Niall ouviu-a às sete da manhã, quando foi comprar o pão... Que notícia! Enfim, está mais que na hora de uma autêntica revolução cristã, aqui no nosso país! Alguma coisa terá mesmo de ser feita, e mais cedo que tarde!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Teresa! Como estão todos? Que se encontrem bem são os nossos votos e que este tempo do Advento seja muito feliz.

      É verdade, há muito que somos como umas cigarritas enquanto as formigas fizeram e fazem, paulatinamente, ao longo de anos, o "seu trabalho de casa". O que começou como referendo é hoje uma lei alterada. Mas além das alterações legislativas constatamos uma insatisfação permanente. Há sempre mais a fazer, como lemos nesta notícia. Qual a razão de uma proposta assim? Não conseguimos nem consentimos (porque temos esse direito e inclusive há uma carta standard elaborada por uma Plataforma a ser entregue nas escolas), que os nossos filhos em vez de aprenderem o que é de escola, aprendam o que é enxertado na escola. A escola ensina, não educa. A educação vem de casa e mal de quem pense o contrário.

      Posto isto, se se mantiver este silêncio, apatia, tibieza, não nos poderemos queixar. Aliás, estamos a queixar-nos do que não começou agora. Esta doutrina não nasceu do nada nem tampouco há dias. Nasceu há muitos anos e hoje é quase adolescente e nós vimo-la crescer e dar frutos com abundância. E assobiámos.

      Enquanto outros se fazem ouvir nos locais próprios, nós não fazemos ruído na defesa do nosso pensamento, dos nossos valores.

      Faltam cristãos a sério em muitos lados, Teresa. Nomeadamente nos centros de decisão. E faltam cristãos a sério nas ruas. Falta mobilização. Falta iniciativa. Falta-nos voz além dos Blogues, sites e púlpitos. É na rua, na AR, em Belém. Como os outros quando se querem e fazer ouvir.

      Há um paradigma cristão de pessoas low profile, que podem ser provocados sem consequências (recordamos por exemplo "Jesus também teve dois pais"...) o que sempre nos fez confusão. Por que fazem de nós quem não somos? Porque permitimos.

      Nós somos mais radicais que os demais. Aliás, somos e os outros não. É que nós não nos bastamos com doutrina como os outros com ideologia. Nós praticamos a doutrina o que faz de nós activos e não meramente passivos. Porém, falta-nos o resto. E sem esse resto ficaremos a ver os navios passar, um a um, um após o outro.

      Querida Teresa, um beijinho nosso. Agradecemos o comentário e pedimos desculpa por termos escrito este testamento como resposta.
      FEM

      Eliminar