Nunca compreendemos o que
são católicos não praticantes.
Ou se é ou se não é. E se é,
não há possibilidade de ser sem o ser.
Ou seja, é impossível ser-se
católico sem assumir uma conduta de vida onde o catolicismo não esteja entranhado.
Em termos práticos, é
impossível dizerem-se católicos os que não têm prática religiosa e vida
coerente com essa prática e afirmação. Seria o mesmo que se ser advogado sem o
curso de direito ou médico sem o curso de medicina; ser-se engenheiro com o
curso de enfermagem e economista com o curso de educação física.
No mesmo prisma, é difícil
compreender a prática de muitos em saber a doutrina (melhor, parte dela), para um fim limitado.
Isto passa-se nos CPM´s, nos baptismos e nas primeiras comunhões de forma reiterada.
Até ter o “diploma”, os não
crentes simulam-se crentes. Isto é tão notório nas preparações para aqueles sacramentos.
Nos primeiros, o tempo é curto e “suporta-se”.
No derradeiro, é mais demorado. Mas vale a pena o esforço.
Assim, não é de estranhar
que nas eucaristias e em tempos de catequese, os pais façam o esforço estóico
de se levantarem ao Domingo e deixar o pequeno ou pequena na missa para que tenham a
catequese.
Este esforço é mais espaçado no tempo mas também ele de duração
limitada. Enquanto o pequeno ou a pequena estão na missa com a catequista, os
pais vão à sua vida (que não é esta... de todo).
Mas nem tudo é mau. Há uma
espécie de descanso religioso quando as pausas das férias escolares se fazem
sentir, pois nessas semanas nem pais nem crianças têm o ónus da missa e
catequese. É o momento zen.
Casados, baptizados e com o
sacramento da primeira comunhão realizado fica concluso o processo.
Tive uma tia profundamente ligada
a um partido de esquerda que um dia me confidenciou ter sido baptizada e feito
a “comunhão solene”. Perguntei-me o que tinha feito com os sacramentos…
Não é algo dramático. É
real, factual. Mas impende sobre sacerdotes, leigos, catequistas e acima de
tudo sobre as famílias um testemunho tão vivo e feliz que deixe o odor da felicidade
sobre quem não a experimenta.
Devemos ser prosélitos, acima
de tudo pelo testemunho e exemplo que deixamos. De nada serve criticar
comportamentos alheios só porque sim. Aí, colocamo-nos num pedestal inútil que
apenas gera mau ambiente e um ridículo orgulho próprio vazio de conteúdo.
A vocação cristã emerge de
muitas formas. A conversão resulta de tantas maneiras que apenas devemos ser
instrumentos úteis. Pelo exemplo, conduta, palavra, comportamento e fidelidade
seremos prosélitos. Deus faz o resto.
A alegria cristã confunde os
não crentes. Confunde-os de tal maneira que se questionam. E aí… entra Deus
para fazer o resto.
As famílias devem ser
exemplo. Exemplo de partilha, alegria, abnegação, prática cristã coerente,
abertura à vida, condutas reiteradas que dignifiquem a fé recebida e sempre
abertas ao diálogo.
Há muito trabalho a ser
feito e nenhum cristão deve colocar-se de fora, pois na equipa de Cristo todos os
cristãos são chamados à titularidade.
Aqueles que foram
mencionados nas primeiras linhas do texto, se se sentirem bem acolhidos e observarem
alguns pormenores tão vinculadamente cristãos, irão questionar-se. Assim tenham
motivos. Dá-los, compete-nos. E se assim for, o curso normal das coisas é
sentirem-se impelidos a frequentar os sacramentos.
“Olha lá, já reparaste como
aquela família é numerosa e feliz?” Ou ainda, “esta família levanta-se cedo
todos os domingos para ir à missa. Serão tontos ou haverá algo que ainda não
descobrimos?” E ainda “já reparaste que a nossa filha vem sempre feliz da
catequese?”
São estas perguntas e outras
similares que devem acontecer. Para que tal suceda, são necessários cristãos à
séria, prontos para se assumirem como tal na sociedade, como o soldado que está
sempre pronto para servir quando é chamado. E nós já o fomos… em frente com afã apostótico!
Os soldados prontos a servir somos todos nós. Façamo-lo com inteligência e com convicção séria de que nos serão pedidas contas um dia. Mas não o façamos pelo receio. Não sejamos tíbios, nem medrosos, nem incoerentes e jamais nos guiemos por respeitos humanos.
Antes, confiantes, alegres, sem peias e coerentes. Testemunho vivo.
Que muitos se questionem sobre nós. Se isso acontecer, é um sinal magnífico de que deixamos rasto.
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