Hoje li um texto que me motivou a escrever outro.
Chamo-lhe "boas razões para o divórcio". Existem? Claro que sim.
Vou fazer uma espécie de viagem fantasiosa e certamente encontrarei bons motivos para o divórcio. Vou ficcionar (não se assustem...).
No fim, desmonto o puzzle.
Depender de terceiros ou fazê-los depender de mim é um cruz aborrecida que me tira espaço e liberdade.
Por outro lado, é enfadonho ver sempre a mesma cara metade. Anos e anos a lidar com uma pessoa - e essa pessoa comigo, o que é ainda mais enfadonho - e saber antecipadamente os gostos e a maneira de pensar.
Nada é novidade. Foi-o no início. Depois... bom, depois é sempre a mesma coisa.
Nem os temas das discussões são novos. Tudo é mais do mesmo, uma mão cheia de nada.
Gostava de mudar. Ter alguém novo todos os anos.
Não, todos os meses. Apre! Não, todas as semanas. Não sei o que quero.
Sei que amo tanto a liberdade que preferia ser livre e sem compromisso para poder fazer o que me desse na real gana sem dar cavaco (bem a propósito) a ninguém.
Bom, o que não quero mesmo é pensar que fico amarrado a uma pessoa uma vida inteira. A vida é tão curta que se não a aproveitar convenientemente morrerei de tédio.
Ups... espera... os filhos. Não pensei neles.
Acho que não ficam lá muito bem quando discutimos mas, em rigor, terão a sua vida. Devem respeitar a minha e mais à frente façam o que entenderem nas suas.
Por outro lado são uma pedrinha no meu sapato. Se me divorcio ficam destroçados, verdade. Mas... superam isso. O tempo é sempre um bom amigo e eles, mais cedo ou tarde, superarão o trauma.
Não são os primeiros e não serão os últimos.
Recordo a noite. As saudades que tenho em sair com os meus amigos à sexta feira, não ter relógio, chegar a casa tarde e não ter de ouvir ninguém. Que saudades... e tudo a um passo de uma decisão que mudaria tudo. Mais um ponto a favor.
Pensando bem... o que ganho de ordenado é repartido. Depesas e mais depesas. Quase não consigo poupar nada. Chapa ganha, chapa gasta.
Com o divórcio ficaria agarrado a uma pensão de alimentos, verdade. Mas... e daí?
Certamente ficaria com mais do que fico agora e isso é francamente positivo.
As roupas, os restaurantes, os concertos, as viagens que deixei de fazer... tudo a um passo de uma decisão.
Poderia continuar a escrever e encontraria boas razões para o divórcio.
Alguém me dirá um dia que fui atrás do ego, do egoísmo. Mas... se sou tão imperfeito é porque assim fui criado. Culpem Deus, não a mim.
Meus caros, estas linhas revelam um pensamento que não é o nosso, FEM.
De qualquer modo, na nossa liberdade de pensamento e acima de tudo pela nossa condição humana, são todos motivos lógicos e ninguém, absolutamente ninguém, a eles está imune.
Quem nos lê sabe que temos um caminho definido e, pese embora as dificuldades que a vida nos apresenta, procuramos não ceder um milímetro do trajecto iniciado.
Todas as realidades expostas acima podem ser contornadas. Assim, desmontando o puzzle, diriamos o seguinte:
Existem muitos bons motivos para negar o divórcio porque não se apresenta como solução.
A verdade é que "quando não dá mais", é porque falta efectivamente alguma coisa.
O casal precisa de tempo para si. E os avós precisam dos netos mais tempo. Logo, a "escapadinha" mensal é um bom antibiótico e a bula não traz contra-indicações.
Nesse fim de semana mensal em que os filhos ficam felizes da vida junto dos avós e os pais felizes ficam por estarem sós, o casal pode conversar, namorar, partilhar experiências, partilhar pequenas coisas ocultas que, a não serem erradicadas, minam a relação.
Este fim de semana a dois é uma espécie de lufada de ar fresco.
Nesse fim de semana, a cozinha fica arrumada. É tempo de ir ao restaurante e sair, conviver, sentir o cheiro da noite, ir a um bar.
Por outro lado e em referência ao texto, os filhos são sempre uma maravilha e jamais uma pedra no sapato. Precisam de pais que se amem e esse amor que observam será para eles condição de estabilidade. Crescerão mais estáveis quanto encontrarem estabilidade emocional em casa. É factual.
Os esposos de uma vida são algo de belo.
Viver uma vida inteira a dois não é algo enfadonho porque o amor é sempre renovável e novo.
Insistimos. Se por acaso ocorrer essa noção (relação enfadonha) é sinal vermelho de que há absoluta necessidade de mudar alguma coisa. Num parágrafo anterior é dada uma dica para quem quiser aproveitar.
As despesas são algo necessário.
Há uma boa solução de partilha: nenhum dos membros do casal deve ter "a sua conta bancária". Antes, uma conta familiar, onde os ordenados de ambos são creditados e onde as depesas da família debitadas.
Se a família é uma só, não devem existir quintais. Muito menos bancários.
E se existem privações, são sempre bem-vindas. Elas conferem uma noção da pobreza que muito nos humaniza.
É bom notar que devemos pedir a Deus quotidianamente "o pão nosso de cada dia". E quanto mais partilhamos, mais temos. Ele é desconcertante.
Ainda em relação às despesas, deve ser elaborado um orçamento familiar mensal e os filhos devem tomar conhecimento do mesmo. Os filhos devem tomar conhecimento da sua realidade, que é a realidade familiar. Se não souberem, jamais perceberão um "não" que lhes é dado. A inversa também é verdadeira. Agradecemos ao Professor Fraústo Ferreira esta novidade.
E não descurar a poupança. O "pé de meia" é sempre algo que deve ser efectuado junto da tal conta bancária familiar, para que não ocorram surpresas.
O tempo é demasiado curto, escrevemos.
Sim, para amar.
Famílias, uni-vos.
Citando São João Paulo II, "Família, torna-te naquilo que és!"
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