“Por que me buscáveis? Não
sabíeis que devo ocupar‑me das coisas de meu Pai?”
Quem de nós ainda não pensou no
futuro dos filhos? O que serão? Terão jeito para quê?
O que aspiramos – legitimamente –
para os nossos filhos são sempre coisas boas, positivas. Auguramos-lhes sempre
um futuro notável. Que sejam honestos, trabalhadores, bem sucedidos e, para os
cristãos, que sejam tementes a Deus.
Ensinamo-os a serem boas pessoas
transmitindo-lhes os valores nos quais acreditamos. Mas, acima de tudo e como
pais, temos um desejo macro: que
os nossos filhos sejam verdadeiramente felizes.
E esta felicidade não se adquire
com dinheiro, com sucesso profissional, com tantas coisas que aspiramos e que
nos convencemos que adquirindo-as vamos obtê-la. Ora, esta felicidade adquire-se com a
entrega ao amor de Deus.
Mas o que é isso do amor de Deus?
É algo palpável? É em si abstracto? É materializável? Diríamos que sim.
Como? – a pergunta acertiva.
Aceitando tudo o que Ele nos dá e proporciona na vida. Parece fácil.
Como pais somos colaboradores de Deus na sua obra. Ele entrega-nos os nossos/Seus filhos para que os preparemos, para que os ensinemos a amá-Lo e a servi-Lo.
Mas é um Deus tão curioso que passa a vida (a nossa e alguns bochechos da d´Ele) a servir-nos. É um Deus giro, comunicativo e com estes pormenores subtis. Na filiação divina é um Pai que cuida zelosamente dos seus filhos, servindo-os. Paradoxo.
Mas, Deus quer sempre mais e mais
e aborrecidamente mais de nós. Não chega ainda? Ele responde sempre não.
Pior, se nos responder um “basta”
será sinal de que de nós desistiu. Como tal, deixemo-Lo operante.
E nessa reciprocidade, em que
ponto nos encontramos? É uma excelente pergunta para meditação pessoal no
aspecto da educação e noutros. Isto é, agimos em conformidade ou colocamos as
nossas aspirações pessoais no futuro dos filhos para que sejam um espelho do
que não fomos?
Vamos a um exemplo. Manuel, pai
de família, gostava de ser médico. Mas descobriu que a sua vocação era outra.
Contudo, o gosto pela medicina nunca o abandonou. Quando nasceu Martim, seu
filho, pensou “este menino vai ser o que nunca fui, será médico”. A verdade é
que Manuel capitaliza os sonhos no filho e certamente o condicionará no futuro.
ERRADO!
Assim, preparamos os filhos para
a descoberta da sua vocação?
Agora uma pergunta mais apertada para os pais:
- Caros pais, e se essa vocação
for religiosa?
Opppsss…. ou nem por isso?
A verdade é tão crua. Conhecemos tantos católicos que ficariam perturbados com uma vocação religiosa dos seus filhos. Confessamos não compreender a razão. Mas ela brota da pergunta feita acima.
Gerimos e capitalizamos
expectativas pessoais ou, com muita liberdade, permitimos que Deus opere como
quer e quando quer?
O Padre Pedro Quintella terá dito uma vez algo que não esquecemos:
- “Amar é deixar o outro ir com quem mais ama.”
Para nós que escrevemos estas linhas seria uma grande graça! Os filhos que Deus nos concedeu são um verdadeiro dom, um verdadeiro sinal do Amor com que nos ama como casal que somos.
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