As
leituras da missa deste Domingo são muito propícias à meditação pois revelam um
diálogo incessante e profundo entre nós e Deus.
Vamos
focar-nos na segunda leitura, onde São Paulo revela a sua humildade e
exorta-nos à mesma.
Começa
por falar num “espinho na carne”. Não especifica.
Alguns
Padres da Igreja dizem tratar-se de doença física; outros de tribulações;
outros ainda de tentações. São Paulo dizia sobre esse espinho ser algo que não
lhe permitia a soberba e a exaltação.
São
Paulo terá pedido três vezes ao Senhor que lhe retirasse esse obstáculo. Mas
Deus, que sabe mais, negou-lhe o pedido. Mas não o deixou órfão. Pelo
contrário, disse-lhe (e a nós) que “basta a Sua graça” que por sua vez “resplandece na
fraqueza”.
Significa
que para superar as dificuldades basta a presença do médico de todas as
doenças.
É
então que São Paulo diz que “quando sou fraco, então é que sou forte”.
Todas
as famílias passam provações, tempestades, desertos, incompreensões, falta de
meios económicos para fazer face a despesas emergentes. Todas as famílias têm
os seus problemas. Alguns desnecessários. Diz-nos Monsenhor Escrivá para “não
criarmos necessidades”. Muitas vezes somos obreiros dos nossos males.
Existem
caminhos diferentes entre si quando a tribulação atinge as famílias. O
primeiro, o desespero. O segundo, a conversão maior. Sobre o primeiro nada há a dizer
senão exortar vivamente que jamais seja percorrido. Não nos leva a lado algum.
Mas sobre o segundo há muito a dizer.
“A inteligência – iluminada pela fé – mostra‑te claramente
não só o caminho, mas a diferença entre a maneira heróica e a maneira estúpida
de percorrê‑lo. Sobretudo, põe diante de ti a grandeza e a formosura divina das
tarefas que a Trindade deixa em nossas mãos.”
In Falar com Deus de Francisco Fernández Carvajal
Cá em casa
pensamos sempre como São Tomás de Aquino ensinou. Se Deus permite… é porque
quer tirar um bem maior ainda que no imediato não saibamos qual. Ainda hoje, particularmente,
procuramos respostas com vinte anos e ainda não as encontrámos. Mas sabemos que
um dia ou noutra realidade, as encontraremos. Nada é acaso e nada é
coincidência. Tudo é designado e tudo tem uma razão de ser.
As
famílias são constituídas por seres frágeis e limitados. Somos pequenos. Na
fragilidade e debilidade, a constância encontra muitas resistências. E caímos.
Ficamos perturbados como se não houvesse nada mais, como se Deus não existisse,
como se de travas se tratassem os dias que vivemos. Vem o mau humor, o
desespero e o sentimento. O sentimento que tantas vezes nos escraviza. O
sentimento que se apodera de nós e nos conduz a meditar a existência ou
inexistência de Deus. Sobressai o EGO que nos diviniza e que nos faz acreditar
da desnecessidade de rezar e privar com Deus porque, acreditamos, somos autossuficientes.
“O sentimento, pelo contrário, apega‑se a tudo o que
desprezas, mesmo que continues a considerá‑lo desprezível. É como se mil e uma
insignificâncias estivessem esperando qualquer oportunidade, e logo que a tua
pobre vontade se debilita – por cansaço físico ou por perda de sentido
sobrenatural –, essas ninharias se amontoam e se agitam na tua imaginação, até
formarem uma montanha que te oprime e te desanima: as asperezas do trabalho; a
resistência em obedecer; a falta de meios; os fogos de artifício de uma vida
regalada; pequenas e grandes tentações repugnantes; rajadas de sentimentalismo;
a fadiga; o sabor amargo da mediocridade espiritual... E, às vezes, também o
medo: medo porque sabes que Deus te quer santo e não o és.
In Falar com Deus de Francisco Fernández Carvajal
É
então que devemos sair deste ciclo fechado e ler quem mais sabe, aprender dos
Santos.
São Josémaria Escrivá, no Sulco, Ponto 166, diz-nos “Permite‑me que te fale com crueza. Sobram‑te
«motivos» para voltar atrás, e falta‑te arrojo para corresponder à graça que
Ele te concede, porque te chamou para seres outro Cristo, «ipse Christus!» – o
próprio Cristo. Esqueceste a admoestação do Senhor ao Apóstolo: «Basta‑te a
minha graça», que é uma confirmação de que, se quiseres, podes”.
O mesmo Santo ensinava que não devíamos dialogar com
tentação. Temos meios suficientes para o efeito, nomeadamente a oração, a
mortificação, a fuga das ocasiões que nso fazem cair, a vida laboriosa e
cumprimento dos deveres profissionais e o esforço por crescer no amor à Trindade
e Maria.
Também devemos ter um DE (Director Espriritual) que nos ajuda
imenso.
Nada – absolutamente nada – lhe deverá ser ocultado. E deixar que ele
cure a ferida ainda que doa. E deve doer. Se assim não for, a ferida não
tratada aumentará e fará o membro apodrecer até cair, em definitivo.
As famílias enfrentam inúmeras adversidades. São muitos os
espinhos encravados. Sejam eles tribulações, tentações, doenças, incompreensões
entre outras. Muitas famílias enfrentam problemas financeiros. Muitas famílias enfrentam problemas de relações pessoais e quiçá elas se manifetem no seio da própria família.
É aí que devemos
fazer como São Paulo. Rezar, entregar e confiar. A providência acautelará.
Há uns anos terá faltado mel no Carmelo de Fátima. Um amigo
nosso, sem o saber, levou mel às irmãs carmelitas. Insistimos, um amigo nosso
sem saber da falta de mel levou-lhe esse alimento. A providência acautelou. E
fá-lo sempre. Sempre. E existem tantos e tantos exemplos.
Sejamos perseverantes e coerentes. Sejamos Martas e Marias
nos nossos lares e que eles sejam luminosos e alegres, ainda que a provação se
faça sentir.
E sorrir na adversidade. Sorrir e às vezes rir, é o melhor
remédio.
O inimigo detesta que o façamos pois apenas quer o desespero.
Ao sorrir e às vezes rir, derrotamo-lo.
Ao sorrir e às vezes rir, derrotamo-lo.
E essa força é a presença sólida de Deus nas
nossas fraquezas.
Família em Movimento, gostei muito de ler este vosso post de hoje, particularmente estas últimas linhas. São conceitos que necessito de interiorizar e aplicar na minha vida. Bem hajam.
ResponderEliminarMuito boa tarde!
EliminarAgradecemos o comentário. Experimente rir ou sorrir das adversidades e entregue-as ao Médico de todas as doenças.
Até breve
FEM