Há 30/40 anos atrás o quarto era tido pelo lugar mágico que era dado às crianças.
As brincadeiras de então eram passadas no castelo (o quarto) ou na rua. Hoje temos dificuldade em explicar o jogo do elástico, o jogo do prego, os carrinhos de rolamentos, os jogos de futebol no alcatrão da praceta, o jogo do pião, o jogo do mata, as corridas de caricas na berma do passeio, entre muitos outros jogos que preenchiam o imaginário das crianças.
Nesse imaginário surgia de igual modo o quarto onde o Playmobil preenchia parte dos armários ou mesmo a garagem com um pequeno elevador onde os carrinhos (os carrinhos... hoje são objectos de colecção) subiam e desciam para serem arrumados. As meninas preenchiam os quarto com bonecas.
Nos quartos faziam-se jogos e o imaginário era desenvolvido à custa de brincadeiras simples mas simultâneamente deliciosas.
Quarenta anos depois temos a noção ou a percepção que os miúdos não fazem
Focam-se muito nas tablets, nos telemóveis, na playstation. Usam o quarto para dormir e pouco mais fazendo a maior parte da vida na sala de estar onde a panóplia de aparelhos electrónicos os rodeia.
Ainda que tenham muitas coisas nos quartos - a vida hoje é diferente e os miúdos têm o que não tivemos tal como nós tivemos o que os nossos pais não tiveram - não lhes prestam a atenção que outrora era prestada.
Recordamos o chegar a casa da escola. Era o lanche e depois... quarto! Brincar era bom. Ou então, rua.
Por falar em rua, também aqui perdemos a liberdade. O mediatismo da insegurança domina-nos e deixar brincar as crianças na rua é um luxo. Isto é, em algumas zonas e locais é possível e viável. Noutras, proibitivo. Quiçá com um adulto a vigiar.
São sinais dos tempos. Mas somos sinceros, antes os outros. Nada elimina as memórias boas que ainda hoje são recordadas carinhosamente, como o fizemos ontem quando nos reunimos em família na sala. E sim, os miúdos estavam de boca aberta. Pudera...
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