Quando era pequeno tive um amigo
imaginário. Era o Rui. Ficcionei ao longo de anos a presença de um amigo que
fez as vezes de um irmão que nunca tive. Sim, na minha imaginação era o meu
irmão, o meu companheiro de viagem.
Não sei se todas as pessoas
têm um amigo imaginário ou se é próprio dos filhos mais tristes que são os que,
como eu, não tiveram irmãos.
Escrevo o texto não para vos dizer
que tive um amigo imaginário (quiçá corro o risco de internamento compulsivo) mas a relação que com ele tive. O Rui foi o meu
confidente, a personagem com quem partilhava os momentos bons e os menos bons
ou mesmo maus.
O Rui estava sempre lá. Não me faltava.
O Rui estava sempre lá. Não me faltava.
O Rui foi o meu grande irmão,
aquela personagem gentil e presente que fez as vezes de quem nunca existiu.
Preferia que o Rui não tivesse existido pois seria sinal de que eu teria sido
mais feliz na minha infância.
O Rui tudo ouvia. E também me
aconselhava. O Rui existia em mim. Era o tal. Ainda hoje recordo essa ficção
que me ajudou nos momentos mais solitários.
Li de São Josemaria que a
relação mais conseguida com Maria é em tudo semelhante à que tive com o Rui.
Isso foi tão bom de ler porque, por vezes, temos algumas dificuldades de nos relacionar com o Céu.
No caso em apreço e na relação com Nossa Senhora, quiçá rezemos as Avé-Maria a correr ou sem sentir cada saudação como uma declaração de amor; outras estamos apertados e recorremos à Mãe que é auxílio dos cristãos. Mas… é estanque a relação... é curta. Não tem encadeamento.
No caso em apreço e na relação com Nossa Senhora, quiçá rezemos as Avé-Maria a correr ou sem sentir cada saudação como uma declaração de amor; outras estamos apertados e recorremos à Mãe que é auxílio dos cristãos. Mas… é estanque a relação... é curta. Não tem encadeamento.
Vejamos alguns exemplos. A consagração de manhã; o
ângelus; a oração saxum; o terço… e se estivermos atrapalhados eis que lançamos
uma oração. Mas o que nunca havia percebido é que a relação que posso ter com
Maria é em tudo igual à que tive com o Rui.
No fundo – diz São Josemaria –
«conta-lhe tudo o que te acontece». É aqui que tudo se transforma.
Penso que os meus filhos não têm
um amigo imaginário. Não precisam. Mas precisam de se relacionar com Maria.
Então, é por esta via
brilhante e simples que provavelmente o conseguirão.
Sim, vou falar-lhes na leitura
que fiz e que a seguir publico. Sim, vou falar-lhes do Rui. Rirão certamente.
Fico feliz pois será sinal que não precisaram recorrer a expedientes do
imaginário para se sentirem acompanhados. E desejo muito que agarrem Maria
desta forma.
Escreveu São Josemaria:
«Aconselho-te – para
terminar – que faças, se o não fizeste ainda, a tua experiência particular do
amor materno de Maria. Não basta saber que Ela é Mãe, considerá-la deste modo,
falar assim d'Ela. É tua Mãe e tu és seu filho; quer-te como se fosses o seu
único filho neste mundo. Trata-a de acordo com isso: conta-lhe tudo o que te
acontece, honra-a, ama-a. Ninguém o fará por ti, tão bem como tu, se tu não o
fizeres.
Asseguro-te
que, se empreenderes este caminho, encontrarás imediatamente todo o amor de
Cristo; e ver-te-ás metido na vida inefável de Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo. Conseguirás forças para cumprir bem a Vontade de Deus,
encher-te-ás de desejos de servir todos os homens. Serás o cristão que às vezes
sonhas ser: cheio de obras de caridade e de justiça, alegre e forte,
compreensivo com os outros e exigente contigo mesmo.»
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