Uma casa arrumada significa existência de ordem e esta conduz à eficácia.
Consideremos duas ordens diferentes de "casa". Consideremos a nossa casa morada de família, por um lado. E consideremos a nossa casa interior, por outro.
Se ambas estiverem arrumadas será muito bom sinal.
A casa que habitamos deve ser espelho da ordem da nossa vida interior. Uma pessoa arrumadinha por dentro, em regra, gosta de ver o exterior ordenado. Nada fora do sítio e cada coisa a ocupar o seu lugar devido.
Esta arrumação das "casas" é, no nosso entendimento, excelente testemunho e tremendo sentido de educação cristã.
Escrevemos este texto para partilhar um déja vu que nos fez sorrir.
Há dias, conforme anteriormente partilhado, fomos à paróquia do Monte de Caparica assistir à missa vespertina com o Padre Joaquim Pedro Quintella.
Este sacerdote é o sacerdote da minha conversão.
Há mais de vinte anos atrás lembro-o activo e com a suprema preocupação de manter as casas interiores dos adolescentes em ordem.
Lembro-o agarrar com a sua mão o meu pescoço e dizer "anda daí". O "anda daí" significava um passeio a pé junto do rio para me confessar. Era assim comigo e com muitos outros jovens.
Outras vezes e do nada soltava: "Cavaco, já te confessaste?". Oppsss... não dava espaço. Não havia possibilidade. Era uma espécie de "entrada a pés juntos", conforme se diz na gíria futebolística. Eramos parados literalmente e não havia como lhe dizer não. Ainda bem que assim era.
Nas homilias era frequente apelar ao sacramento da reconciliação.
Antes da comunhão era frequente lembrar à assembleia quem estava em condições de comungar e, mais importante, dizer expressamente quem não estava.
Alto e de batina, magro e com um sentido de humor refinado foi o Padre a quem devo ser cristão.
Ora, nesta última missa fomos comungar. Eu e a minha mulher. No fim da eucaristia e depois de se desparamentar, veio cumprimentar-nos ao átrio da igreja.
Antes de qualquer conversa, rematou: "Cavaco, os teus filhos não têm a primeira comunhão?"
Respondi: "O mais velho sim mas na semana passada não foi à missa por ter estado em casa de familiar pelo que esta semana não comungou."
O Padre Pedro ouviu e rapidamente disse ao nosso filho: "Rapaz, queres confessar-te?"
Eu e a minha mulher sorrimos. Ei-lo vinte anos depois com a mesma postura, a mesma preocupação, o mesmo sentido do céu, o mesmo anseio de colocar os jovens em graça para receberem a sagrada comunhão.
Foi o mesmo Padre Pedro Quintella de sempre, atencioso.
Reparou que nenhum dos nossos filhos havia comungado e isso intrigou-o. E enquanto não sanou a dúvida não descansou. E em quem podia intervir, interviu como um médico que cura a ferida e procura que não infecte excessivamente. Curar de início, ainda que arda.
Este pequeno texto é uma exortação para que tenhamos a suprema preocupação de manter as nossas casas arrumadas. É de uma importância extraordinária. Sabemo-lo hoje e passamos esse significado aos nossos filhos. Que tenham ordem e que esta os conduza a maior eficácia.
Sem comentários:
Enviar um comentário