Família em Movimento

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sábado, 24 de setembro de 2016

Nossa Senhora das Mercês

Hoje é dia de Nossa Senhora das Mercês. 

Esta festa comemora a fundação da Ordem dos Mercedários, dedicada nas suas origens à redenção dos cativos.

Conta uma piedosa tradição que a Santíssima Virgem apareceu certa noite ao Rei Jaime I de Aragão, a São Raimundo de Peñaforte e a São Pedro Nolasco, pedindo-lhes que instituíssem uma Ordem para libertar os cristãos que tinham caído em poder dos muçulmanos.

«Todos os símbolos das imagens de Nossa Senhora das Mercês recordam-nos a sua função libertadora: cadeias quebradas e grilhões abertos, como os seus braços e as suas mãos estendidas oferecendo a liberdade [...], o seu filho Redentor» 1


Mercê significa benefício concedido, graça, favor, serviço prestado por amabilidade ou amizade.

Sempre que estamos aflitos ou preocupados devemos recorrer à Mãe do Céu. 
Façamo-lo instintivamente. Temos inúmeras situações para o fazer. Por exemplo, quantas vezes não lutamos contra o pecado? Por vezes somos ligeiros e pecamos sem dor nem esforço e dizemos à nossa consciências que mais tarde havemos de o acusar diante do sacerdote. Queridos amigos, não basta ir confessá-lo. Antes de sermos vencidos, tenhamos vontade de o vencer. Mas para que tal aconteça e porque nos encontrarmos tantas e tantas vezes fragilizados, é a altura certa para recorrer à Mãe que liberta, pois as suas mãos estão cheias de mercês - graças e dons - para derramar sobre nós.

A melhor maneira de não ceder ao pecado é não dialogar com o Inimigo. Ele ladra mas morde apenas se nos aproximarmos demasiado. Quando ocorre a tentação (ei-lo ao nosso lado), devemos recorrer a Nossa Senhora. Imediatamente. Depois, lutar. 
Não devemos esquecer que não resistimos até ao sangue na luta contra o pecado, como nos recorda São Paulo na Carta aos Hebreus (Capítulo 12).

Gosto particularmente da frase Vae Victis atribuída a Brenno aquando da conquista de Roma no ano de 390 antes de Cristo. Significa Ai dos vencidos e é usada para lembrar que o vencido (Inimigo) está à mercê do vencedor (nós). Mas para isso acontecer, luta-se. 

Nós, cristãos católicos, temos mil maneiras de recorrer a Maria. Pela oração do Terço, por via de jaculatórias, quando encontramos imagens na rua, quando ladeamos uma igreja ou vemo-la lá ao longe,  ou cruzamos o nosso olhar com uma imagem que tenhamos na nossa casa...

«Mulher, eis aí o teu filho.» Ao aceitar João como filho, foram-lhe confiados todos os homens.
São João recebeu Maria em sua casa e cuidou dela com extrema delicadeza até subir aos céus em corpo e alma.
Há um convite expresso a todos os cristãos a receberem Maria em sua casa. Mais que em casa, nas suas vidas.

E devemos receber Nossa Senhora não com delicadeza mas com extrema delicadeza. 
Na nossa casa temos várias imagens da Virgem, um quadro muito bonito que nos foi oferecido de Nossa Senhora da Conceição, um pequeno oratório com imagens da Virgem junto ao genuflexório e ao lado da imagem da Sagrada Família um cesto cheio de Terços para nós e para quem se queira juntar ao Terço em Família. Um detalhe. No pequeno oratório, a imagem de Nossa Senhora de Fátima tem sempre uma flor, comprada em cada Domingo ou apanhada da nossa roseira.

Procuramos assim ter esta relação de proximidade e educamos os filhos de igual maneira. Enquanto este texto era escrito, convocámos a casa para o Ângelus, ao meio dia. São estes pormaiores que se educam e mantém a relação viva. Todas as relações carecem de mimo, cuidado, delicadeza e cumplicidade. Maria está sempre à nossa espera.
  
1 - A. Vázquez, Santa Maria de la Merced, Madrid, 1988, Página 86  

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