Decorria a transmissão televisiva da canonização da Madre Teresa quando gritámos:
- Meninos, venham todos!
Eles subiram a escada e encontraram-nos com os olhos vermelhos. Nada disseram mas perceberam que as lágrimas haviam visitado os pais ainda que tivéssemos procurado conter.
Puxámos a transmissão para trás e ouvimos novamente a história que o comentador da RTP contava de forma eloquente.
Reza que nas ruas de Calcutá a Madre Teresa encontrou uma Senhora (permitam que coloquemos propositadamente maiúscula em Senhora) muito idosa, moribunda e prestes a partir para o Céu.
A Madre carregou-a até casa. Deu-lhe um banho de água morna, tratou as feridas e as pernas corroídas das ratazanas e deitou-a numa caminha.
Disse-lhe a Senhora: «Madre, é a primeira vez que este corpo se deita entre lençóis. Vivi toda a vida como um animal mas morro como um ser humano».
Disse-lhe tal frase com um sorriso e partiu.
Sim, era imperativo que esta história fosse partilhada, sentida e chorada.
O choro é um dos sorrisos da alma limpa.
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