O confronto entre a paragem efectuada e a realidade é enorme. Num lado, a
tranquilidade apenas mais pesada com as (naturais) saudades da família. Por
outro, o ritmo alucinante de quem não mastiga a vida mas engole-a. Mas é aqui,
no deserto e aridez, que Deus nos quer. E quer não para sermos mais um entre
muitos mas para sermos outros Cristos.
Ainda mergulhado nos dias de Retiro o confronto com os problemas e os
comportamentos dos semelhantes que nos ferem. O habitual. Como reagir? Como é
possível uma diferença tão avassaladora entre ambas as realidades? Parece que o Retiro não havia passado de um chorrilho de mentiras porque o que conta, na
verdade, é a realidade pura, nua e crua do nosso quotidiano.
Repelir este pensamento foi o primeiro passo.
Esta é a prova. Ser quem somos nos ambientes mais adversos exalando o doce
perfume de Jesus, com confiança e serenidade, paz e alegria, ainda que custe.
Já o escrevemos, o Divino Espectador delicia-Se e auxilia os pequenos
actores deste teatro.
E mesmo com estas ideias claras, caímos. Cedemos. E daí? Seremos diferentes
de Pedro? Tremeu o primeiro Papa perante a autoridade? Não. Tremeu perante o
povo que nada podia sobre ele. Cedeu, negou e ainda assim foi Pedro.
Que sejamos muitas vezes ao dia novos filhos pródigos neste regressar
constante. Insistimos, constante.
Ânimo! Jesus ressuscitou e está bem vivo em nós e nas nossas famílias. É
esta a alegria cristã perante os cenários, sejam adversos ou não.
Na imagem desta publicação a vocação de Mateus de Caravaggio. Jesus indica.
Mateus não está sequer a reparar tão entretido que se encontra com o seu deus
menor, o dinheiro. Mas Jesus escolhe-o perante o espanto de quem o ladeia que
parece perguntar: “Este? Tens certeza?”.
Todos se espantam.
Jesus ratifica. “Esse mesmo! Quero-o! É meu!”
É assim que nos vemos. Somos Mateus absortos em nadas mas ainda assim
queridos.
É Jesus que nos diz: “Vocês mesmos! Quero-vos! São meus!” ainda que quem
nos ladeia desconfie da sabedoria do Mestre conotando-O como mau gestor de
recursos humanos.
Até nós desconfiamos de nós mesmos. Mas Deus quer-nos frágeis para que a obra
final seja como um quadro magnífico e impensável que, por sê-lo, não se elogia
o pincel usado como instrumento mas o Autor da pintura.
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