O nosso modo e estado de vida e a educação – a maior
educação que damos é o modo como vivemos – dos nossos filhos é muitíssimo
simples.
Ontem tive a alegria de ouvir uma belíssima pregação (tão belíssima que no
trajecto para casa, pese embora ser perto da meia noite, agarrei no telemóvel e
transmiti-a com entusiasmo à minha querida esposa*) que de certo modo revoga um
preconceito existente na sociedade e, de modo particular, na comunidade cristã
católica.
Assumimos muitas vezes que a santidade é um estado quase inalcançável e
apenas acessível a determinadas pessoas predestinadas.
Pois revoguemos esse conceito. Na verdade e com absoluta razão, o sacerdote
mencionou que o estado normal e natural de um cristão é a santidade. O anormal
é o inverso.
Vamos por partes.
Deus não nos pede coisas extraordinárias. Deus dá-nos os meios e a graça
para alcançarmos esse estado pretendido e normal na vida cristã.
Quais os dois maiores Santos que conhecemos? Respondemos imediatamente e
sem hesitações Nossa Senhora e São José.
São-lhes conhecidos milagres? Nem um.
Então… o que os tornou especiais? Foram dóceis à graça e aos meios.
Maria e José terão sido óptimos filhos, óptimos pais, óptimos vizinhos,
óptimos amigos, óptimos exemplos, óptimos trabalhadores e fidelíssimos.
Então… essa santidade secular não é mais nem menos que isso. Costumo dizer
que devemos ser um misto de Marta e Maria, onde nem a devoção é superior à
obrigação nem o inverso. Ambas coexistem.
São Josemaria escreve no Ponto 334 do Caminho o seguinte:
Oras, mortificas-te, trabalhas em mil coisas de
apostolado..., mas não estudas.
- Então, não serves, se não mudas.
O estudo, a formação profissional, seja qual for, entre nós é obrigação grave.
O estudo, a formação profissional, seja qual for, entre nós é obrigação grave.
Se não trabalhamos, não servimos. Por mais orantes que sejamos. Rezar e
trabalhar. E no mais, tratar com zelo tudo o que é de Deus. Fora de Cristo,
nada.
É fácil constatar que, ao fim e ao cabo, a santidade é um estado acessível.
Devemos ter a suprema preocupação de sermos bons esposos, bons filhos, bons pais, bons
amigos, bons vizinhos, fiéis e trabalhadores.
Deus quer-nos no nosso estado e quer que cumpramos as nossas tarefas com
perfeição, com brio e eficácia.
Não somos religiosos. Não somos sacerdotes ou freiras. Somos o que Deus
quis que fossemos. Então é neste estado que devemos caminhar santamente e
lutar, com os meios e as graças, por sermos o que Deus quer que sejamos.
Quer que sejamos bons educadores. Foco máximo neste aspecto. Que sejamos
bons educadores.
Por falar em educadores, que podemos dizer aos nossos filhos sobre a
santidade na sua tenra idade? A resposta é a transmissão do modo de vida, do
modo de viver as circunstâncias e vicissitudes com que nos deparamos, o modo
como ajudamos e entreajudamos, o modo como rezamos e trabalhamos. Eles reparam
e observam tudo. E são muito críticos. Nada – absolutamente nada – lhes escapa.
E para os estudantes, São Josemaria no Ponto 335 do Caminho escreve:
Para um apóstolo moderno, uma hora de estudo é uma
hora de oração.
Isto é, não se diferencia – como escrevemos – o trabalho da oração. Tudo é
oração.
Aliás, para este Santo e na sua Obra não havia nem há lugar para os ociosos
e desocupados.
Se o são… não servem.
Se o são… não servem.
Esta visão da naturalidade da santidade deve animar-nos muito.
Como famílias, devemos olhar o modelo: a Sagrada Família.
Reiteramos: Não se lhes conhece um milagre. Todavia, são os maiores Santos.
Compreenderemos todos que não a conseguirmos representará uma frustração
enquanto cristãos. Pois muito bem, que não a sintamos nunca e que comecemos e
recomecemos cada dia como se fosse o último. Em rigor não sabemos se não o
será.
*Para
os mais atentos, fi-lo em modo de alta voz não colocando ninguém em perigo nem
cometendo qualquer violação do CE
Sem comentários:
Enviar um comentário