No Oratório, no dia de
ontem, ouvi o sacerdote José Maria Moreira falar aos mais pequenos numa
catequese fantástica sobre, acima de tudo o mais, como construir uma vida
pautada pelo critério ordenado de desejar o Céu.
À noite e ao jantar procurei
reproduzir a história ouvida a toda a família. Todos ouviram atentamente e concluíram
sobre o facto de que a vida é o momento próprio para construir a eternidade.
Reza a história que um
senhor chamado Manuel, carpinteiro de profissão muito competente e trabalhador,
era pessoa respeitada no seu local de trabalho por todos os colegas e pelo
próprio patrão.
Um trabalhador exemplar.
Rigoroso e cumpridor. Assíduo e pontual.
O seu trabalho era de excelência.
Ora, chegara a altura de se
reformar.
Nesse momento apenas pensava
na reforma e na forma de a gozar. Havia dedicado uma vida inteira ao trabalho e
ao seu patrão bem como à família. Era agora tempo de desfrutar o descanso
merecido.
Todavia, o patrão chamou-o e
disse-lhe:
- Meu caro, antes de te
reformares tenho de te pedir um trabalho mais que é muito importante.
Manuel ficou siderado e nem
queria acreditar. Logo agora que iria obter a sua merecida reforma o patrão
parecia desconsiderar esse tempo e parecia desconsiderar todo o empenho que
Manuel lhe havia dedicado uma vida. A contragosto, aceitou.
O patrão levou-o então ao
local onde iria realizar o seu derradeiro trabalho. Mostrou uma casa de sonho
com vista para o mar. Uma casa linda e num local paradisíaco.
Pediu-lhe então que fizesse
as janelas, as portas, os armários e todos os trabalhos afectos à carpintaria.
Manuel olhou e disse:
- Patrão, para fazer tudo
isso preciso de dois meses.
O patrão respondeu:
- São teus. Demora o tempo
necessário mas faz um bom trabalho, como habitual.
Manuel começou o trabalho
mas a cabeça não estava nele. Só pensava na reforma e no descanso.
Perante este cenário, o
trabalho que antes era de excelência transformara-se num trabalho sem
qualidade.
Pregos à vista, cortes mal executados, portas e janelas por
envernizar, prateleiras mal cortadas e coladas, acabamentos muito mal feitos.
Queria despachar a obra o mais rápido que lhe fosse possível para abraçar, em
definitivo, a reforma.
Visitou o patrão e
disse-lhe ter findado a obra.
O patrão, perguntou:
- Já?!? Mas passaram duas
semanas. Havias pedido dois meses… Muito bem. Vamos ver a casa.
E foram os dois.
Ao chegarem ao local o
patrão disse a Manuel:
- Manuel, foste-me dedicado
a vida inteira. Foste o meu melhor trabalhador. Alguém exemplar como nunca
vira. Esta casa é para ti. É o meu presente e agradecimento por todos estes
anos de trabalho.
Assim é Deus connosco.
Citando o Padre António Barbosa, «com a morte a opção da tua vida torna-se definitiva».
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