Sempre escrevemos sobre a necessidade de fazer dos nossos lares os nossos castelos. E castelos com muralhas. Não que estas sejam para impedir a entrada de alguém, antes para reforçar a "segurança", o conceito de unicidade.
Os nossos castelos são os nossos portos de abrigo. Os nossos lares são o lugar do encanto, do encontro e reencontro, das alegrias e tristezas partilhadas.
Em suma, os nossos lares são - ou deviam ser - o nosso local de eleição.
Mas nem sempre é assim. Provavelmente, não por estar relacionado com a arquitectura do imóvel. Antes com o conceito do que é uma casa ou, ao contrário, da absoluta necessidade da casa se transformar em algo mais elevado, um lar, o lar.
Não há neste texto uma ponta de crítica, fique claro. O que se pretende é a pura promoção do raciocínio.
Todos conhecemos, vemos, constatamos, observamos e até praticamos tantas e tantas vezes a chamada e indesejada deserção.
Há sempre bons motivos.
A visita e permanência no café depois do jantar; a visita e permanência à colectividade; a visita e permanência ao bar simpático do bairro; a visita e permanência à casa da vizinha.
E quando nos juntamos ao grupo do petisco? Ou mesmo dos jogos de cartas, dominó e damas?
Na verdade, há tantos e bons motivos para estar fora de casa. É tão mais agradável. Será? Não é.
O tempo adjudicado ao "lazer" é tempo retirado à família, impedindo-a de viver, ela mesma, períodos necessários e fundamentais daquele.
Há pais que trabalham até tarde e não há volta a dar. Quando chegam a casa pouco ou nenhum convívio podem ter. Força das circuntância e vicissitudes da vida. Ofereçam a Deus o sacrifício e procurem compensar oportunamente a família pela necessária e notada ausência.
Porém, outros há que tomam aquelas "actividades" por decisão pessoal, egoísmo.
Vamos projectar um cenário? A seguir ao jantar já se despedem dos filhos, pois sabem que quando chegam já estes levam 2 horas de avanço no sono. A mulher fica a arrumar a cozinha e contenta-se com um "até já". Ele vai, ela fica. Os miúdos ficam com a mãe entregues à novela. O pai, esse, distrai-se. Ao fim e ao cabo, trabalhou o dia todo e merece este bocadinho...
A mulher nada diz, mas pensa. Pior, fica a moer.
Não há unidade nem família que resista. A rotina assume a liderança.
Não se estranhe se...
O pior é quando pensamos que esta tese não nos toca. Pode tocar, sim. E se não forem os exemplos acima, serão outros. Os apelos são muitos e por vezes tão generosos.
Será então caso para perguntar como Júlio César: Também tu, Brutus?
É bom, muito bom, perceber se a nossa casa é um lar, um castelo, um refúgio, um porto de abrigo da família, onde esta se junta e une, onde assume a sua identidade e unidade, onde são fomentados os valores, onde reza e progride. É bom parar para pensar. E ajuizar. E se necessário, corrigir.
Os nossos lares são local de construção familiar e querem-se, citando São Josemaria, luminosos e alegres.
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