Em sentido rigoroso, não existe nenhum dress code.
No entanto, uma coisa é defender uma etiqueta estrita e
minuciosa, geradora de comparações, fonte de problemas sobretudo para pessoas
com menos recursos e que acabaria por se tornar odiosa, e outra é
argumentar que o modo como se vai vestido à Missa completamente indiferente.
2.
Pode servir de enquadramento, para o que a seguir se dirá, o ilustrativo
episódio de Jesus na casa do fariseu que O convidou para uma refeição.
Jesus entra, cumprimenta-o, nada reclama. No entanto, no desenrolar da
refeição, devido à intervenção da mulher que derrama perfume sobre Ele e
que é interiormente censurada pelo fariseu e outros que ali se encontravam,
Jesus não deixa de chamar a atenção do seu anfitrião para as sucessivas
faltas de cortesia ao recebê-Lo: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e
não Me deste água para os pés; ela com as suas lágrimas banhou os Meus
pés, e enxugou-os com os seus cabelos. Não Me deste o ósculo; porém ela,
desde que entrou, não cessou de beijar os Meus pés. Não ungiste a Minha
cabeça com óleo, porém esta ungiu com perfume os Meus pés» (Lc 7, 44-46).
3.
Ninguém duvida que o realmente importante quando se participa na Missa é a
atitude interior, de reverência e amor para com Deus. «O que o homem vê
não importa; o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração» (1 Sam
16, 7), explica Deus a Samuel. No entanto, quando alguém quer amar
a Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu
entendimento (Cfr. Mt 22, 37) é normal que também o expresse com gestos
externos. De modo semelhante a como se procede na vida civil: quando se dá
verdadeira importância a um evento, a compostura externa serve para vincar
a atitude interna. Assim, por um lado, ao preparar-nos, também
externamente para a Missa, reconhecemos, diante dos outros, como Deus é
importante na nossa vida; por outro lado, mesmo que não houvesse
mais ninguém, a nós próprios faz-nos bem condicionar o nosso modo
de proceder, de estar e de nos arranjarmos de modo a intensificar
a consciência de que vamos ao encontro do Senhor: a
preparação exterior, contribui, em certa medida, para reforçar
interiormente o encanto que é poder estar com Deus de um modo tão especial.
4.
Qualquer pessoa com fé e senso comum admite as premissas que se acabam de
enunciar. Muitas vezes o problema reside na sua concretização atualizada:
o que é hoje «ir bem vestido ou arranjado»? É indecoroso usar certas
roupas?
5.
Não é fácil concretizar e menos ainda determinar de modo fixo os limites.
Mas, a verdade seja dita, mesmo sem pretender uma rigidez nesses limites,
é normal que a todos beneficiem as referências concretas, não tanto para
as assumir como se fossem os Mandamentos da Lei de Deus, mas como enquadramento,
sugestões, conselhos que orientem as próprias escolhas.
6.
A ideia comum a estas sugestões talvez se possa sintetizar assim:
correção, discrição, modéstia. Tudo o que atraia demasiado a atenção dos
outros pode não favorecer a atenção na Missa. Por exemplo, em geral não
parece aconselhável que uma senhora use um vestido de gala, apesar de
muito elegante e decoroso. Mesmo sendo arriscada a concretização que se
segue, enunciamos as peças de roupa que não parecem adequadas numa Missa
e, logo a seguir, exemplos de peças de vestuário que podem servir para
acentuar o respeito pelas coisas de Deus, sobretudo ao domingo. As
sugestões procedem de boas experiências do que tem sido feito em vários
países.
7.
Para os homens não parece aceitável que usem na Missa: calções, fato de
treino, camisolas sem mangas, fatos-de-banho, roupas apertadas e calças caídas.
Logicamente e exceto nalgum caso de doença, os homens nunca cobrem a
cabeça na Igreja com chapéus, gorros ou o que quer que seja. Apesar de se terem
generalizado, as sandálias de praia não são adequadas. A partir de certa
idade, a gravata e o casaco, ajudam a dignificar o vestuário.
8.
Ao vestirem-se, as mulheres católicas deveriam ter bem presente a imagem
de Nossa Senhora. Além dessa referência imprescindível, o senso comum e a
modéstia ajudam a resolver bem a escolha da roupa apropriada. Sobretudo na
Missa, são desaconselháveis as seguintes peças: calções curtos, tops,
vestidos com mangas que não cubram o ombro ou vestidos com decotes exagerados,
roupa de praia ou fatos de treino, roupa muito apertada, minissaias e em
geral saias curtas, transparências. As sandálias de praia também não são o
mais digno. Vestidos elegantes e sóbrios, blusa e saia modestas são
aconselhados
9.
Aliás, para muita gente bastaria fazer pensar se usa alguma das peças de
vestuário que se assinalou como menos convenientes num evento que para
elas seja considerado importante – uma festa de aniversário, uma
entrevista de emprego – para tirar a conclusão óbvia: por que seguir
então, nas coisas de Deus, critérios que não se usam nas outras áreas da
própria vida? Acreditamos mesmo no valor da Missa?
10.
Sublinhamos que, com estas breves linhas, não se trata tanto de avaliar se
usar isto ou aquilo é ou não pecado, ou pode levar os outros a ofender
Nosso Senhor pois essa análise é feita por qualquer pessoa de bem em
qualquer situação; aqui, interessa sobretudo considerar em como aproveitar
o vestuário para pensar em Deus e usar a necessidade de se vestir como
um recurso ou instrumento que facilite a preparação para estar com
o Senhor de modo mais consciente. Portanto, pede-se ao leitor
e sobretudo à leitora que leiam estas páginas não como proibições ou
censuras, mas como conselhos com implicações espirituais que visam favorecer
a consciência de que toda a nossa vida pode ter a ver com Deus.
Logicamente, não se trata de usar estas indicações para julgar o modo de
vestir dos outros.
11.
Em resumo: evitem-se roupas ostentosas porque a Missa não é nem uma
reunião social nem uma ocasião para se mostrar. É o sacrifício de Nosso
Senhor na Cruz. Deus é o Anfitrião e é n’Ele que devemos estar centrados.
O melhor é não chamar a atenção com a roupa, nem por ser pouco modesta
nem por ser deslumbrante. Vestir-se adequadamente, para estar na Missa,
é parte da humildade com que podemos louvar, agradecer e suplicar a Deus.
12.
Então, qual é a roupa ideal para ir à Missa? Um modo de vestir discreto,
mas especial, com o desejo de, também com isso, louvar a Deus e não
distrair as outras pessoas. Ninguém se deve preocupar se não tem a roupa
que gostaria: Deus sabe o que cada um pode dar de melhor! Além disso, há
ocasiões em que a pessoa vem ou vai para o trabalho, o que condiciona as
opções do vestuário. Por isso, muitas das sugestões concretizam-se
mais facilmente na Missa ao domingo.
In site Oratório SJM
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