Nem mimados ao
ponto de ficarem palermas nem sem mimo ao ponto de serem tristes e insensíveis.
Não fora de contexto que se diz
“estragar com mimos”. O mimo em excesso estraga a personalidade, quando não são
colocados limites e regras. O
mimo terá sempre de ser dado com a mesma conta, peso e medida das regras e dos
limites. Pois, se tal não acontecer corre-se o risco de não os preparar para a vida. Ao mínimo “não” dá-se uma queda violenta.
Excesso
de mimo traz a insubordinação. É bom notar.
Mas a
inexistência de mimo também não é boa. Pelo contrário. Uma criança que não
receba mimo é triste, não tem autoestima.
E quem
fala das crianças, fala dos adultos. É tão bom dar e receber mimos.
Num
destes dias a benjamim dizia:
- “Pai, sabes que quando eu morrer
vou para o céu?”.
Aquela
certeza comoveu-me. “É verdade, nem sempre te terei comigo” – pensei.
A jornada
peregrina é tão curta que não nos sobra tempo para deixar de fazer o que
devemos. Devemos aproveitar
cada momento, cada instante. Ninguém sabe o dia e a hora. Pode ser hoje.
Amanhã. Daqui a uns anos. Que não percamos tempo em ninharias e aproveitemo-lo
para amar, amar muito.
Há muitas formas de mimar. Um
doce, uma ternura, um SMS, uma palavra, um gesto. Às vezes, uma atenção, um
pormenor.
É um momento? É.
Mas é um momento que repetido
muitas vezes torna-nos mais humanos e sobrenaturais.
Quando, de manhã, compro aquele
bolo em concreto para ti… bem sabes que naquele momento te lembrei. E quando
vos levo as gomas… de vós me recordei.
Quando vos dou afecto, um
sorriso, um abraço… deixo-me invadir pela maior nobreza do coração, que é amar.
Devemos mimar a nossa família
sim. Mimá-la com critério definido, sabendo o que temos e para onde queremos
caminhar.
Findo. Quando estamos mais
vazios, mais frios, recordemos a morte. Já o escrevi antes. Lembrar a morte
humaniza-nos. “Nem sempre
te terei comigo”.
Resta-nos amar e amar muito e
procurar o caminho que nos conduzirá ao Céu. É para aí que quero ir.
E é para aí que vos quero levar a todos. Que me queiram assim também.
Citando o meu querido Padre António Barbosa, “estar na terra com os olhos
postos no Céu."
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