Depois da celebração da Santa Missa fomos, como habitualmente, ao café que fica perto da igreja.
É um ritual dominical que materializa uma espécie de acordo tácito que temos com a nossa filha mais nova em que a pirralha porta-se bem no decorrer da Missa e tem como recompensa um pastel de nata. Parece-nos justo.
Os irmãos também fazem jus ao ritual e os pais bebem o seu café. Faz parte.
Hoje, uma senhora paroquiana que também foi ao café à mesma hora que nós abeirou-se do pai.
Depois de se aproximar e sorrir, interpelou:
- Não se importa que lhe diga uma coisa?
- Não, claro que não.
- Gosto muito de ver os senhores comungarem de joelhos.
- Ah! Sim, comungamos de joelhos, é verdade.
- Mas reparo que nem sempre o fizeram.
- Também é outra verdade. O que em si era contraditório pois em Lisboa fazemo-lo sempre. Logo, aqui não poderia ser diferente. De um certo dia para cá comungamos sempre de joelhos.
- Hoje não o vi.
- Não. Hoje estive mais à frente e comunguei da mão do sacerdote. Mas de joelhos...
- Desculpe ter tomado o seu tempo. Mas queria dizer-lhe algo que gosto muito de ver.
- Não incomodou. Foi um gosto.
E foi mesmo um gosto.
E foi mesmo um gosto.
Neste diálogo foi explicado a razão do comungar de joelhos e onde, em Lisboa, o fazemos sempre.
Uma coisa é certa: nós não temos a noção do que passamos para fora. Pensamos que os nossos gestos, a nossa conduta não é reparada? Púro engano. É reparada.
Pese embora já tenhamos pedido duas vezes ao sacerdote a colocação de genuflexórios para haver um convite tácito à comunhão de joelhos, a verdade é que tal (ainda) não aconteceu. Nós continuamos. Damos o nosso testemunho assim. Batemos com os joelhos no chão e comungamos.
Pelos vistos o nosso gesto para com o Senhor também é apreciado pelos irmãos e isso deixa-nos muito felizes. Ao fim e ao cabo, devagar, vamos mostrando a nossa unidade e relação e isso é apreendido. Quem sabe em breve não teremos outros irmãos a comungar de joelhos...
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