Família em Movimento

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domingo, 21 de agosto de 2016

Seria como ter sede e não beber o copo de água fresca ao nosso lado

Bom dia, caros amigos. 
Na Festa da Assunção de Nossa Senhora ouvimos uma homilia que nos comoveu. Nada é novo e tudo se assume como novidade, eis o paradoxo de Deus.

O Padre Fernando Belo falou-nos há quase uma semana numa invocação muito pessoal que tem. Entre as muitas invocações de Nossa Senhora há uma que não consta "na lista" mas que tem particular devoção deste sacerdote: Nossa Senhora da Contradição.

Na verdade, tudo foi contradição na vida da nossa Mãe. Em traços gerais que não dispensam meditação, Maria estava noiva e virgem quando um Anjo lhe comunicou um milagre, ser Mãe de Deus. 
Foi a primeira contradição na vida da Senhora. 

Depois, o que se dizer e acima de tudo como se dizer ao pobre noivo, José, que se está... de esperanças? Ele, muito santo, sem ferir de morte Maria, afastou-se. Mas o Senhor veio ao seu encontro trazendo a paz. O Senhor vem sempre em auxílio dos seus.

Todas as mães gostam de ter os filhos nas melhores condições. Hoje em dia até escolhemos o hospital particular onde queremos que os filhos nasçam, se tivermos essa possibilidade. Ali, há dois mil anos atrás, mais uma contradição. Foi no lugar mais pobre e sem condições que Deus nasceu. Nem uma estalagem. Nada. 

E se pensarmos bem, deu-se nova contradição quando Maria e José tiveram necessidade de fugir para o Egipto. Fugiram há dois mil anos atrás como tantos irmãos nossos hoje em dia. 

Nova contradição quando Jesus desapareceu três e dias e noites. O sofrimento daqueles pais...

Na vida pública de Jesus, inúmeras contradições. Imaginemos, pais e mães, o que seria se ouvíssemos uma multidão gritar "Matem-no, crucifiquem-no!" aos nossos filhos. Cegávamos, não? Imaginem Maria... 

Lembremos o caminho para o Calvário, outra contradição muito dura na vida de Maria.

Ao fim e ao cabo, o Padre Belo tem razão. A vida de Nossa Senhora foi uma contradição.

Não era suposto o filho de Deus ter nascido num local cheio de luxo e criados a servirem-nO? 
Não era suposto os pais terem tido uma vida regalada, sem preocupação alguma, terem comido e bebido enquanto Jesus realizava milagres tamanhos potenciando ainda mais uma vida de luxo e regalo àquele casal escolhido e protegido por Deus Pai ou, de outro modo, àquela que achou graça entre milhões e milhões de mulheres?

Mas não, tudo foi uma enorme contradição. Logo, não era suposto.

Na segunda leitura de hoje (Carta aos Hebreus 12,5-7.11-13), Paulo diz-nos que Deus nos mima imenso porque nos ama. Mas mima-nos com dores e sofrimentos. 

São Paulo pede-nos para não desprezar-mos as correcções nem para nos desanimarmos com elas «porque o Senhor corrige aquele que ama e reconhece como filho».

Porquê estas contradições nas nossas vidas?
Porque - escreve São Paulo - mais tarde dará àqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e justiça.

Deus sabe sempre mais. Se nos corrige assim porque nos ama devemos saber aceitar com imensa alegria.

Há uns meses atrás lemos na net algo como isto: num hospital em Espanha alguns doentes visitados pelo Prelado do Opus Dei entregavam as suas dores e sofrimentos pela fidelidade dos membros da Obra. Que grande sentido deram à doença.

Na nossa vida vivemos igualmente inúmeras contradições, verdade? Actualmente, aqui em casa, passamos por uma. Mas nela, devemos ser sinal e testemunho cristão. 

Um santo dos nossos tempos sofreu muito na vida mas fazia sempre cara bonita. Nunca fez cara feia nem caretas de garotos, nem usou nunca daquela tendencial vitimização que nada serve pelo que deve ser repelida. Assim, mostrou uma enorme heroicidade.

Procuremos essa heroicidade e sejamos sinal para quem nos rodeia.

Aproveitemos todos os mimos e todas as contradições.  Tenhamos sempre a noção de que não cai um cabelo nosso ao chão sem que Deus o permita para assim saber agradecer e oferecer o sofrimento moral ou físico que Deus nos permite ter para algo mais, para algo maior, muito maior, os frutos que São Paulo nos falou.

Aqui, nesta pequenina e insignificante tribulação, temos presente três intenções. Que Deus nos ensine a viver bem, com cara alegre e muito sentido de humor os mimos.

Se assim não for, caros amigos, seria como ter sede e não beber o copo de água fresca ao nosso lado.       

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