Família em Movimento

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Fomos e nada fomos. Agora somos.

Bonita a nossa conversa esta manhã antes da saída para a jornada de trabalho.
Sim, fomos Rei e Rainha. Tivemos tempo em que reinámos, tivemos o nosso reino e fomos donos das nossas ordens e decisões.
Apenas não tivemos um povo. Mas fomos reis na mesma. Reis de nós mesmos.

Agora não. O tempo passou. Já não somos donos do tempo. Aqui entre nós mais parece o contrário.
Lembras os Doze? Parece-me que nunca fomos Mateus. Talvez um dos outros que eram apoucados, ambiciosos, com pouca fé mas simultaneamente voluntariosos.
Hoje meu amor, vejo-nos mais maduros e mais identificados com João. Já não reinamos mas nunca como agora fomos tão certos da nossa grandeza pois nunca como hoje estivemos tão convictos da nossa filiação divina. Filhos de Deus é sermos mais que Rei e Rainha. Uma honra tão grande que tenho a noção de nem termos a perfeita noção da nossa verdadeira realeza.


E lembro João não por ter sido o predilecto pois não tenho essa veleidade. Lembro João por ter estado até ao fim. Quando todos correram, ele ficou.
E isso meu amor faz lembrar a razão da nossa conversa. Não sabemos o porquê dos tempos de Deus nem sabemos as Suas razões. O que sabemos é que Deus age nos mais fracos para que sobressaia a Sua glória. E estas mudanças tão grandes que operámos na nossa vida familiar foram verdadeiramente Sua obra e não nossa.
Todavia, o Senhor age em quem se predispõe. E daí ter surgido João, o guerreiro e combatente que corre mais que Pedro, cortês o bastante para lhe dar prevalência e lhe permitir que entre primeiro no sepulcro, percebendo que Pedro é a pedra em quem o Senhor edificaria a Sua Igreja e a Igreja está em primeiro, o adolescente predilecto que mais amou e que ficou até ao fim suportando todas e quaisquer consequências sem medo porque sabia que só tinha um tempo, um único tempo, para garantir o eterno.
Meu amor, as nossas dúvidas permanecerão. Se ontem verti lágrimas e hoje te vi fraquejar não esqueças que Deus vê e também se compadece, tal como nos Evangelhos.
Rezemos e entreguemos com esta maturidade que a vida já nos permite ter todas as nossas questões ao Senhor, entreguemos a Maria que sempre foi nossa cúmplice, aos Santos da nossa devoção e aos nossos Anjos da Guarda.
No mais meu amor e terminando estas linhas, saibamos manter a estrada. Lembremos a certeza das palavras do nosso querido Padre António Barbosa: “Com a morte a opção da tua vida torna-se definitiva”.

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