No pretérito dia 3, o jornal Público trazia na capa, como manchete, uma imagem que nos tocou.
O título era “Imigrantes – França e Inglaterra pedem ajuda para enfrentar problema de Calais”, consubstanciado a notícia o facto de ter sido pedida ajuda para lidar com a actual crise junto ao canal da Mancha.
Com a crise de refugiados e deslocados (cerca de 60.000.000) e as guerras que levam milhares a tentar chegar à europa, o número de imigrantes ali também cresceu, crendo-se estarem em Calais 5 a 10 mil pessoas.
Na raiz do problema estão as guerras na Síria, Sudão e Afeganistão, além das perseguições que muitos enfrentam na Etiópia e na Eritreia.
Não existe na Europa estratégia e os critérios para requerer asilo não são comuns aos vários países.
A Hungria constrói um muro, britânicos e franceses anunciam reforço policial e muitos kms de vedações. Em suma, um drama. Um drama para o qual não existe uma estratégia comum e no centro do mesmo estão seres humanos que procuram uma vida.
Na foto do Público que anexamos vêem-se dois cristãos em oração. Rezam em desespero e cuidam de ter um oratório limpo e digno.
Eles rezam. Ali, não há um café onde descontrair, uma hamburgueria com brinde para a pequenada, uma PlayStation para jogar, uma Igreja tranquila para rezar. Ali há sufoco e desespero.
Ali, existem famílias. E outras tantas que ficaram desfeitas.
Cada cristão e cada não cristão tem a sua história. Esta é penosa. Acontece agora que escrevo e acontecerá quando nos lerem. In loco.
Sufoco, desespero, tragédia, tristeza, agonia, choro, memórias.
O meu Deus é o Deus destes cristãos da fotografia. Rezam ao mesmo Jesus que eu.
Por que permite Deus estas coisas? Não sabemos.
A nossa pequenez não alcança tanto. Humanamente parece-nos aterrador e surgem questões que nos fazem levantar os olhos ao céu e indagar porque tal é permitido.
Deus responde através da suprema consciência de que Ele sabe mais. Conhece cada um pelo nome e será justo no tempo que mais Lhe convier.
Não cabe a nós compreender as coisas. Mas cumpre-nos rezar e estar solidariamente com quem sofre.
E fazemos notar o seguinte: os imigrantes de Calais podem estar na nossa família. Aquele familiar no lar, o que está doente e ainda o outro que está internado no hospital.
Que saibamos meditar sobre os dramas humanos e corresponder da forma que nos é pedida. Por todos, a nossa presença por via da oração, mortificação, jejum, comunhão e, quiçá, a presença pessoal naqueles casos onde Calais é aqui ao lado.
Sem comentários:
Enviar um comentário